Notícia no detalhe
Alberto Manguel fala sobre o futuro da leitura na era virtual
Desde sexta-feira (23) até 02 de dezembro a cidade de Campos é a capital
brasileira da Cultura. Autores e editores nacionais e internacionais
estão presentes na 7ª Bienal do Livro de Campos, grande evento cultural
que mobiliza a região. No primeiro dia, autor internacional, de mais de
40 obras, e dono de biblioteca de 40 mil exemplares no interior do
Canadá, Alberto Manguel, fez palestra para plateia eclética, formada por
literatos, artistas, estudantes, professores, universitários, e
membros da Academia Campista de Letras.
Na noite de abertura,
além de Rildo Hora, Elba Ramalho e Daniel Gonzaga, neto de Luiz Gonzaga,
que prestaram grande homenagem ao Rei do Baião no Espaço Jovem, o
renomado escritor internacional, argentino Alberto Manguel, que passou a
infância em Israel, no alto de sua experiência de mais de 40 obras
escritas, fez palestra e respondeu perguntas sobre o tema “A leitura
como patrimônio pessoal na era das virtualidades”.
Em espanhol,
Manguel fez inúmeras observações sobre os efeitos da leitura e afirmou
que trata-se de algo inerente ao ser humano, pois até mesmo o analfabeto
tem o impulso de ler. Durante quase duas horas, ele fez explanação
sobre suas observações no expectro da leitura. Ele respondeu
questionamentos sobre se o livro impresso vai sobreviver ao e-book
(livro eletrônico), como será a memória da leitura eletrônica, dentre
outros assuntos relacionados ao mundo da literatura.
As respostas
foram dadas com base nas suas muitas experiências no mundo da
literatura, em vários países onde já viveu e trabalhou, como Argentina,
Israel, França e Canadá.
“Quando Gutemberg criou a imprensa, diziam
que ele estava acabando com o manuscrito, mas era uma observação
equivocada. Em Nápolis, encontraram um pergaminho (manuscrito), que
apesar de milenar, resistiu a uma explosão, e apenas teve as bordas
queimadas, permanecendo a escrita. Na grande biblioteca da Inglaterra, o
acervo eletrônico sofreu uma pane, e toda memória literária da
biblioteca eletrônica se perdeu”, respondeu Manguel, com
exemplificações.
Sobre seu olhar no futuro, quanto ao livro
eletrônico, Manguel foi pragmático: “Não consigo projetar para o futuro,
bibliotecas eletrônicas, porque nelas não haverão livros, apenas
aparatos eletrônicos. Não sou contra a tecnologia, nem contra o uso do
aparato eletrônico porque eles facilitam o acesso à informação. Você
pode estar na Amazônia e ter acesso ao texto eletrônico através de um
aparato eletrônico (smartphone, tablet, etc), mas quando se tem um livro
impresso diante dos olhos, a leitura impressa facilita e memorização”,
observou.
Ao final da palestra, em entrevista, Manguel elogiou a
iniciativa de um governo municipal, no interior do estado, em "promover a
cultura com tanta consciência de sua importância para a vida das
pessoas”. Para o artista plástico, Fernando Luiz Soares, a presença na
Bienal do Livro de Campos, de literatos da verve do Alberto Manguel,
representa um ganho exponencial para quem não perdeu a oportunidade de
ouvi-lo. “Penso que é muito importante palestra neste nível num ambiente
cultural. Ele coloca com muita propriedade o livro como norteador do
Homem no mundo. Ele nos fez refletir sobre até quando permanecerá a
leitura impressa, e deu evidências de que o livro historicamente
permancerá”, disse Fernando Luiz.
Manguel nasceu em 1948, em
Buenos Aires. É um escritor nascido na Argentina e hoje é cidadão
canadense. Passou a infância em Israel, estudou na Argentina e vive
atualmente no interior da França. É ensaísta, organizador de antologias,
tradutor, editor e romancista. Dentre suas obras, as que mais e
destacam pelo mundo são as que seguem, conforme a ordem cronológica:
1985 - Into the Looking-Glass Wood: Essays on Books, Reading, and the World
1996 - A History of Reading
2006 - With Borges
2006 - A Room Full of Toys: The Magical Characters of Childhood
2006 - The Library at Night
2006 - Magic Land of Toys
2006 - A Reading Diary: A Year of Favourite Books (2006)
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