Depois de assistirem a última Copa do Mundo em 2014 cercados de incertezas sobre o futuro, os moradores do Residencial João Batista, na Lapa, vivem sua primeira Copa sob novas perspectivas. E para comemorar a nova casa – e o futuro hexacampeonato – eles se organizaram para deixar o condomínio com cara e o clima do Brasil na Copa de 2018. Nesta quarta-feira (27), a torcida será forte para o jogo entre Brasil e Sérvia, às 15h (de Brasília).
Dividindo os custos e buscando doações, eles conseguiram cerca de 2 mil bandeirinhas verde-amarelas para decorar os prédios e a praça. Uma TV foi colocada na área de convívio para que todos comemorem juntos os gols da Seleção. Uma realidade que parecia distante na Copa de 2014, quando algumas famílias tiveram de assistir aos jogos amontoados no único cômodo da casa paga via Aluguel Social.
– Confesso que não imaginava isso. Em 2014 a gente via as obras paradas e achava que nunca ficariam prontas, ainda mais com mudança de governo. Agora estamos aqui. Quem não quiser ver o jogo pode até escolher ficar em um dos três quartos da casa – conta Edgard Pereira, de 40 anos, animador cultural e morador do condomínio.
O Residencial virou inclusive ponto de encontro de futuros craques. No campinho de areia da área de convívio, jovens como Cauã da Silva, goleiro do Goytacaz sub15 e sobrinho de um dos moradores, se encontram para jogar uma pelada. Jean Carlos da Silva, também de 15 anos, já planeja assistir aos jogos para depois reproduzir, nas areias da Lapa, os gols de Neymar nos campos da Rússia.
– Virou um ponto de encontro da galera pra jogar bola, vôlei e queimado. Antigamente a gente ia na pracinha aqui perto, mas agora é só descer do prédio – diz Jean Carlos.
A secretária de Desenvolvimento Humano e Social, Sana Gimenes, comemorou a iniciativa. "É uma grande satisfação que, após um período de duas Copas de incertezas, eles finalmente possam comemorar este momento em sua residência própria, de maneira digna e interagindo de fato como uma comunidade", disse a secretária.
A Secretaria de Desenvolvimento Humano e Social continua fazendo o acompanhamento das famílias, a fim de promover uma melhor conscientização ambiental e sobre a vida em comunidade. Também estão sendo preparadas ações esportivas e palestras para jovens, adultos e idosos sobre diversos temas, desde saúde de idosos e crianças até questões relacionadas à manutenção do condomínio.
Uma nova história
O Residencial João Batista era conhecido como “Inferno Verde” por conta do terreno pantanoso e as vielas de esgoto a céu aberto onde os moradores viveram por muitos anos. As 72 famílias ficaram sete anos (quase duas Copas do Mundo) aguardando a construção do condomínio. Em 2011, eles deram entrada no Aluguel Social depois que suas casas foram desapropriadas devido à insalubridade do local. No ano seguinte as obras começaram, mas foram interrompidas diversas vezes até serem abandonadas em abril de 2016. No ano passado, o prefeito Rafael Diniz retomou a construção e a entregou aos moradores em 20 de abril deste ano.
O residencial possui 72 apartamentos de dois e três quartos com sala, cozinha e banheiro, alguns deles com acessibilidade. Os blocos contam com iluminação de led, gerando economia de energia, além de sensor para ligar e desligar as lâmpadas dos corredores. O condomínio conta ainda com uma área de lazer para crianças e um campo de areia para práticas esportivas, além de internet Wi-Fi gratuita.