A primeira agroindústria de alimentos instalada em área de reforma agrária em Campos vai voltar a funcionar, após dois anos inativa. O anúncio foi feito essa semana pelo Secretário Executivo do Conselho Municipal de Segurança Alimentar (Comsea) e superintendente adjunto de Pesca e Aquicultura, José Armando Barreto. A expectativa é que, após as vistorias nos equipamentos, será possível “tocar fogo na caldeira”, e reiniciar a produção, inicialmente de melado, nos assentamentos de Ilha Grande e Che Guevara, localizados em Marreca e Babosa.
O projeto vai servir para o gerenciamento da agroindústria constituído a partir da Cooperativa Mista dos Agricultores Familiares de Marreca e Babosa (Coopamab). A parceria é com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro (Pesagro).
De acordo com José Armando, com a inatividade da agroindústria, todo o processo de gerenciamento “colapsou” a Coopamab (Cooperativa Mista Dos Agricultores Familiares de Marrecas e Babosa), que por consequência, entrou em processo de adormecimento durante os últimos anos. Além disso, sem apoio e assistência técnica ocorreu finalmente o afastamento dos cooperativados e entes produtivos.
— Nosso diálogo com os remanescentes teve início já nos primeiros dias da gestão do prefeito Rafael Diniz. Após algumas reuniões, iniciamos um processo de articulação e mobilização para a recomposição da cooperativa. A eleição da nova diretoria do Comsea trouxe imediato empoderamento e um novo ânimo ao grupo de produtores assentados. O objetivo que antes seria de implementação de projetos da agricultura familiar, consorciados à piscicultura, se tornou mais abrangente. Sendo o restabelecimento das atividades da unidade de processamento a maior das novas metas estabelecidas pela Coopamab — disse José Armando.
A área de processamento da cana de açúcar pertence à agroindústria e possui 366 m² de construção, com áreas de moagem e capacidade de processar até oito toneladas por dia, para a produção de açúcar mascavo, melado e rapadura. As plantações de cana são os lotes dos assentados. No total, 132 famílias envolvidas nos dois assentamentos. O empreendimento foi uma alternativa de renda para os agricultores que passaram a ter a oportunidade de processar a cana, que antes, era direcionada in natura às usinas sucroalcooleiras da região.
Mesmo com processos criteriosos de avaliação de oportunidades, diagnósticos participativos, estudos de cadeias produtivas, análises de matérias-primas, capacitação técnica dos produtores; a agroindústria encerrou as atividades em pouco mais de dois anos após a inauguração.
Para o presidente do Comsea, Davi Nascimento, é necessário dar o devido crédito ao produtor rural assentado. Além disso, ele elogiou a coragem e capacidade de reorganização da presidente da cooperativa, Vera, e o vice, Dirlei.
— A Coopamab está reorganizada e o erguimento da agroindústria de melado, açúcar mascavo e rapadurinha, brevemente voltará a ser distribuída nas escolas da rede municipal, além de toda a região — destacou Davi Nascimento.