"O trabalho enobrece o homem. Mas e o teu olhar enobrece o trabalho? Olhas da mesma forma para todos os trabalhadores? Se o trabalho enobrece o homem, porque nem trabalhador tem nome? E porque nem todo nome tem sobrenome? A caso vale um nome mais que outro homem? Ou um homem vale mais que os sem-nome? Afinal, qual o valor do homem?" (...)
De pés descalços, a poeta cabofriense Maria Tereza Medina declamou “Indagações” (fragmento acima) abrindo na noite dessa quinta-feira (7), no auditório do Liceu de Humanidades, o XXI FestCampos de Poesia Falada. Sucesso na 10ª Bienal do Livro em 2018, o FestCampos de Poesia Falada acontece este ano em três dias, com semifinais quinta e nesta sexta-feira (8), e final no sábado (9). Ao todo, 60 poesias, de autores de todo o país, compõem o repertório do festival.
Maria Tereza Medina – 3ª colocada no ano passado - veio de Cabo Frio para participar pela segunda vez consecutiva do FestCampos e elogiou o evento:
— Participo pela necessidade de expressar meus sentimentos e também porque gosto da forma como é organizado o festival. Gostei do anterior, por ter sido na Bienal e gostei ainda mais desse ano, pois traz a amostra real dos festivais de poesia — definiu.
Criado em 1999 com o objetivo de abrir espaço para poetas e declamadores de todo o Brasil mostrarem seus talentos na arte de escrever e declamar, o FestCampos de Poesia Falada tem realização da Prefeitura, através da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima (FCJOL).
— A interação cultural que o festival promove é um fator importante e valioso para todos aqueles que têm na poesia uma expressão da vida e da realidade. É um momento muito enriquecedor, tanto do ponto de vista dos textos, como das interpretações. Há que se ressaltar, também, a participação de autores e intérpretes de várias faixas etárias e portas de vários estados do país! Destaque, também, para o local: quando um evento como esse acontece em um cenário como o Liceu, patrimônio do conhecimento e das humanidades, tenho certeza de que os versos ali declamados ratificam o pensamento do poeta Ferreira Gullar, quando diz: “a arte existe porque a vida não basta” — pontuou a presidente da FCJOL, Cristina Lima.
Alberto Antônio Sobrinho trouxe de Niterói, “New Gothan City”, com uma paródia sobre o Brasil caótico nos dias atuais, passando em especial pelo cenário político e social vivido atualmente. O poeta ressaltou o formato do XXI FestCampos:
— A qualidade dos poemas é muito boa. E mais importante: é um festival democrático, aceita qualquer tema, não tem censura — enfatizou. Nesta sexta-feira (8), também às 19h, o auditório do Liceu de Humanidades recebe a segunda parte das semifinais.
Neste sábado (9), se apresentam as 30 poesias selecionadas para a grande final. Também no sábado, dentro da programação do XXI FestCampos de Poesia Falada, será divulgado o resultado do XXIX Concurso Nacional de Contos José Cândido de Carvalho.