O Hospital Ferreira Machado (HFM) participou, entre os dias 26 e 29 de novembro, do Congresso Brasileiro de Neurofisiologia Clínica, realizado em Belo Horizonte (MG). A equipe levou ao evento um caso raro acompanhado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), que chamou a atenção pela complexidade e pela forma cuidadosa como foi investigado.
O estudo apresentado contou a história de um paciente jovem, que chegou ao hospital com mudanças repentinas de comportamento, crises convulsivas, movimentos involuntários na face, além de alteração do nível de consciência. Para entender o que estava acontecendo, a equipe registrou diariamente esses sintomas e realizou uma série de exames.
Os resultados descartaram a presença de tumores e mostraram alterações no cérebro compatíveis com inflamação. No exame de eletroencefalograma que analisa a atividade elétrica do cérebro foram encontradas características que indicavam uma possível encefalite causada pelo próprio sistema imunológico do paciente. Mesmo com tratamento intensivo, a evolução do caso foi difícil.
A neurologista e neurofisiologista Cynthia Dumas Viveiros, que apresentou o trabalho, explicou que o caso retrata a qualidade do que é feito no hospital. “Escolhi esse caso porque ele é raro e mostra como conseguimos investigar profundamente usando tudo o que temos disponível no Ferreira Machado. Há 23 anos realizo eletroencefalogramas à beira do leito, indo até o paciente, em todas as áreas do hospital. Isso é algo pouco comum em hospitais públicos do país e coloca Campos muito à frente. O exame ajuda a identificar crises que não aparecem de forma visível, orienta o tratamento e explica situações em que outros exames não esclarecem o diagnóstico”, disse.
Durante o congresso, Cynthia reencontrou a médica Eliana Garzon, referência nacional e internacional em neurofisiologia clínica. A especialista auxiliou a equipe do HFM durante o atendimento do caso apresentado, e o encontro reforçou a importância dessa colaboração técnica no processo de investigação.
Cynthia também lembrou outro caso recente, considerado ainda mais incomum. “Tivemos um adolescente de 16 anos na UTI com uma doença que acontece em apenas um entre 100 mil casos. Fizemos 22 exames de eletroencefalograma diretamente no leito e usamos todos os recursos do hospital. Foi um caso muito delicado e que exigiu acompanhamento contínuo”, destacou.
A médica reforça o desejo de realizar no HFM monitorização contínua por eletroencefalograma (EEG) quando o paciente fica ligado ao aparelho por tempo prolongado, permitindo acompanhar o cérebro em tempo real. “Esse é o caminho mais moderno da neurofisiologia, já usado em grandes hospitais do Brasil e do exterior. Nosso objetivo é oferecer isso de forma rotineira aqui”, comentou.
Para o presidente da Fundação Municipal de Saúde (FMS), Arthur Borges, a participação do HFM no congresso mostra o avanço da rede pública de Campos. “A presença do Ferreira Machado em um evento nacional mostra a qualidade dos nossos profissionais e a capacidade de produzir conhecimento que melhora diretamente o atendimento à população. É um orgulho ver o hospital apresentando casos raros e compartilhando experiências que reforçam nossa excelência”, concluiu.