Durante a inauguração do Centro de Referência do Autismo, da Apape, nesta quarta-feira (4), o secretário da Família e Assistência Social, Geraldo Venâncio, destacou a importância do serviço prestado pela Associação, que através de convênio com a Prefeitura de Campos, pelo critério da vulnerabilidade social, atende a 148 pessoas com deficiências, sem limite de idade; outras 50 de zero a 18 anos por convênio com a Fundação para a Infância e Adolescência (FIA), do governo do Estado, mais 40 crianças com recursos próprios e que ainda tem outras 60 crianças na fila de espera.
- Aqui há especializações que rede sociassistencial e de saúde pública ainda não disponibilizam ou não oferecem com o volume e a qualidade do serviço prestado pela Apape. Por reconhecer a importância deste trabalho, a Prefeitura valoriza e apoia esta instituição - destacou Venâncio.
Augusto, de 9 anos, é autista, estuda na Escola Pequeno Jornaleiro, tem aula na sala de recursos no contraturno escolar, faz natação e tem acompanhamento na Apape. No início da tarde, ele ainda não tinha almoçado, pois saiu direto da escola para a Apape. Questionado se gostava da comida da associação, ele disse: “Só almocei aqui uma vez”. Se ele gostou? “Gostei, porque tinha almôndegas, minha comida preferida”, declarou.
A mãe de Augusto, Ediwana Gonçalves Teixeira e Silva, é professora e diz que a disponibilização do tratamento pela Prefeitura é fundamental para quem não tem condições de pagar pelas especialidades. O menino tem síndrome de asperger, um aspecto mais brando do autismo. Conforme a professora, o filho é inteligente, mas se impõe algumas restrições que dificultam o relacionamento com outras pessoas. Ela diz que o maior desafio do autismo é que o autista não sabe que é autista.
- Augusto, por exemplo, só aceitava tomar suco de maracujá. Quando aceitou beber suco de uva, foi uma vitória. Se tiver qualquer coisa verde na comida, ele não come. Ele está pelo terceiro ano na Alfabetização e meu sonho é vê-lo alfabetizado, para que tenha um mínimo de autonomia. Mais do que as crianças, nós, mães, e os profissionais que se dedicam a elas, devemos nos fazer especiais para obter dia a dia uma vitória – diz Ediwana.
Ela ressaltou a importância de ter várias especialidades disponibilizadas gratuitamente. “Crianças especiais, com múltiplas deficiências, precisam de um aparato médico que é muito caro. Meu filho precisou de neuropsicólogo e não tinha em Campos, nem em plano de saúde. Ele tem a fala infantil e um problema na perna, precisando de tratamento com fono e fisioterapeuta. Dependendo da situação, ele tem crises, surta. E a gente não sabe até quando nossos filhos vão precisar de acompanhamento. Eu sou professora e teria muita dificuldade de pagar por tudo isso e imagino o impacto que ter um filho especial, que precisa de tanta atenção, provoca em mães mais com menos instrução, menos recursos”, concluiu.