A Secretaria Municipal de Agricultura continua fazendo intervenções no Canal do Vigário para levar água do Rio Paraíba do Sul e salvar a Lagoa do Campelo. A força tarefa beneficiará também outras lagoas menores que formam importante complexo hídrico que representa vida para a comunidade de pescadores das localidades de Campelo, Mundéus e também para as famílias de agricultores dos cinco núcleos do Assentamento Zumbi dos Palmares, situados em Campos e no município de São Francisco de Itabapoana.
Os pescadores acompanham os trabalhos com interesse e lembram que o Canal sofreu assoreamento devido ao abandono por parte do governo federal há mais de 10 anos. “A limpeza do Canal do Vigário é uma luta de mais de 10 anos junto do Inea, porque nunca foi feita dragagem para retirar o barro, a areia e o mato, que há muitos anos entra pela comporta do Rio Paraíba do Sul, nas ocasiões de cheia do rio. Devido ao fundo do Canal ter subido (ficado assoreado), e por causa do Paraíba do Sul estar vazio, não entra água para a Lagoa do Campelo. Nosso sonho é que o Inea ajude a Prefeitura a dragar toda essa extensão do Canal, que tem entre 12 e 13 quilômetros, e assim, a água do Paraíba entre nele e cheque na Lagoa do Campelo”, relata o produtor rural Emilton Basílio de Souza, agricultor do Núcleo 3 do Assentamento Zumbi dos Palmares.
- Quando a Lagoa do Campelo encher, a água se espalha pelas estivas (regiões alagadiças/brejos) e vai chegar às diversas lagoas menores, situadas entre Campos e São Francisco, e vai beneficiar os produtores rurais e pescadores dos núcleos 3, 4 e 5. A gente esperava por esse trabalho por muito tempo, porque sem água nas lagoas, como o pescador tem peixes, e como nós produtores rurais podemos produzir? Essa região produz muito alimento, porque daqui saem verduras, aipim, mandioca para fazer farinha, cana, e agora temos no Zumbi o maior assentamento produtor de abacaxi do estado do Rio - observa Emilton Basílio, que da mesma forma que os demais produtores rurais e pescadores da região, não esconde a felicidade pela obra.
Por causa da estiagem que provoca a seca mais severa dos últimos 94 anos na região, diversas lagoas estão prejudicadas, no município. A Lagoa do Campelo, uma das maiores do estado do Rio, secou porque, devido à baixa cota do Rio Paraíba do Sul, o Canal do Vigário não recebe mais água do rio que leva peixes do Paraíba para ela e outras do mesmo sistema hídrico no setor Nordeste do interior de Campos. Embora a atribuição de cuidar dos canais seja do governo do Estado, através do Inea, conforme convênio firmado com o governo federal, após receber pedidos dos pescadores e agricultores, a Prefeitura de Campos solicitou autorização do órgão estadual e iniciou a dragagem do Canal do Vigário, com retificação do seu leito, que se encontra tomado de vegetação e assoreado em diversos trechos.
O secretário de Agricultura de Campos, Eduardo Crespo destaca que a dragagem, que remove a pesada vegetação e os sedimentos do fundo do canal, tem por objetivo tentar aduzir água do Rio Paraíba do Sul para a Lagoa do Campelo. “O Paraíba recebeu um volume de água das chuvas que caíram na região do Vale do Paraíba do Sul, em São Paulo, e nas cabeceiras do Rio Muriaé, na Zona da Mata Mineira. Estamos fazendo a dragagem de recuperação do Canal do Vigário para levarmos água para a Lagoa do Campelo, na tentativa de salvá-la e ao mesmo tempo, levar umidade ao solo na extensa área agricultável dos assentamentos rurais e demais produtores que desenvolvem atividades de pecuária de leite e de corte”, disse Eduardo.