A criação de peixes pode se tornar uma alternativa de renda para os pequenos produtores rurais de Campos, em especial as famílias de assentamentos no município. Na manhã desta segunda-feira (3), representantes da superintendência municipal de Pesca e Aquicultura e da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf) visitaram uma área no Assentamento Che Guevara, na localidade de Marrecas, na Baixada Campista, para avaliação das condições de ser utilizada.
— Localizei essa área pela internet, através de um aplicativo que usa imagens de satélite. Vi o que seriam pontos alagados, fiz o levantamento e descobri que eram tanques abandonados, antes usados para decantação de vinhoto pela antiga Usina Baixa Grande. Como fica em uma área de Reserva Legal – que pode ser explorada com o manejo sustentável, nos limites estabelecidos em lei –, dentro do Assentamento Che Guevara, tive a ideia de visitar a área e os produtores rurais para levantar a viabilidade do projeto — explicou o superintendente adjunto de Pesca e Aquicultura, José Armando Barreto.
Serão utilizados oito tanques retangulares ocupando uma área de 70 mil m², com capacidade de armazenamento de água de até 100 mil m³. Atualmente eles estão com o espelho de água tomado por vegetação. “Para facilitar a limpeza dos tanques e iniciar o projeto, podemos usar a carpa capim, que come toda essa vegetação”, sugeriu o zootecnista Manuel Vasquez, chefe do Laboratório de Zootecnia da Uenf e doutor na área de piscicultura. “A água dos tanques tem muito ferro, mas não inviabiliza a criação de peixes”, esclareceu.
No assentamento local, com 74 famílias ocupando propriedades com 10 hectares em média, a superintendência já realizou alguns levantamentos. “Temos que ver aqueles que têm vocação para a atividade. Não adianta colocar no projeto alguém que não esteja realmente interessado”, explicou José Armando, acrescentando que o projeto básico já está sendo elaborado e, uma vez definidas todas as diretrizes, será apresentado a empresas que possam também se tornar parceiras no empreendimento.
Após os estudos, a intenção é agilizar a parceria o mais rápido possível. “Não vejo grandes dificuldades para oficializar tudo entre a Uenf e a prefeitura. E a proposta é interessante, pois envolve muitos pequenos agricultores, e não apenas um ou dois grandes produtores, que poderiam depois abandonar o empreendimento e acabar com o projeto”, avaliou Vasquez.
A intenção é utilizar a tilápia, peixe de origem africana que cresce rápido e possui mercado certo. “E também pensamos em distribuir aos produtores o peixe jovem, de 7cm a 10cm, e não na fase de alevino. Com isso, em três ou quatro meses ele já poderá vender a produção”, explicou José Armando, lembrando que Campos recebe todos dias carregamentos de tilápia vindos de municípios como Rio Bonito e Silva Jardim, além de algumas cidades próximas do Espírito Santo.
Os produtores estão esperançosos, e prometem ajudar a espalhar a ideia pelo assentamento. “É sempre bom termos uma alternativa de renda e estamos dispostos a abraçar o projeto”, afirmou o produtor Davi Barbosa, de 46 anos. “Tenho certeza de que com o apoio de todos, o projeto tem tudo para dar certo”, disse o presidente da Associação dos Produtores Rurais do assentamento, José Chagas, 76.
— Temos a água doce chegando aqui pelo Canal do Andreza e isso facilita. Estamos confiantes de que poderemos em breve começar a abastecer parte de nosso mercado com o peixe produzido aqui — destacou o superintendente de Pesca e Aquicultura, José Ribeiro Peçanha, o Betinho. Participaram ainda da visita o biólogo Jony Marcos Gonzaga, da superintendência de Pesca e Aquicultura, e o veterinário Leonardo Demier, doutorando da Uenf.