Para marcar os 200 anos que a doença de Parkinson foi descrita pela primeira vez, a coordenação do Centro de Doença de Alzheimer e Parkinson (CDAP) e a Superintendência dos Direitos do Idoso realizaram nesta terça-feira (11) a jornada do Dia Mundial da Doença de Parkinson, que já foi chamada de “paralisia agitante”. O evento, com o tema “Meu Tremor é Parkinson?”, foi realizado na Casa de Convivência do Parque Tamandaré (antigo Clube da Terceira Idade), e ressaltou a importância do tratamento do Mal de Parkinson mantendo a qualidade de vida. O CDAP atende, atualmente, 700 pessoas com doença de Parkinson e distúrbios de movimento e ainda assiste a mais de dois mil pacientes com Alzheimer.
Durante o ciclo de palestras, a coordenadora do CDPA, Deborah Casarsa; a neurologista Luíza Lopes, e a geriatra Kamilly Farah falaram sobre os sintomas pré-motores e tratamento da doença, além da diferença entre Parkinson e Alzheimer. Apesar de não haver tratamento preventivo ao Parkinson, as médicas destacaram a importância de viver bem mesmo durante o tratamento. “É possível viver com a doença de Parkinson com qualidade de vida. O objetivo é deixar o paciente mais funcional e com qualidade psicológica”, disse a coordenadora do CDPA.
A primeira palestrante foi a neurologista do CDPA Luíza Lopes que falou sobre “Sinais e Sintomas Pré-Motores”. Segundo a médica, são três os principais sintomas apresentados na fase pré-clínica, ou seja, antes que a doença apresente sinais clássicos, como o tremor. São eles: distúrbios do sono, cheiro e olfato, e ainda os gastrointestinais. Ela também ressaltou que existem vários tipos de tremores que, nem sempre, têm origem na doença. “Nem sempre o tremor é do Parkinson. O do Parkinson é um dos distúrbios mais comuns involuntários”, explicou a neurologista. A geriatra Kamilly Farah encerrou o ciclo de palestras junto a coordenadora do CDAP falando sobre o tratamento.
Casarsa também ressaltou que, entre os sintomas, um que se destaca e que nem sempre recebe a atenção necessária de quem está mais perto do paciente é a bradsinesia, lentidão para exercer movimentos. “A bradsinesia, muitas vezes, é confundida com fraqueza, que é a lentidão dos movimentos e a diminuição do piscar”, explica a médica, ressaltando que, com tratamento, tudo é mais leve.
Além de vários profissionais da área de saúde, idosos e familiares, também, participaram da Jornada a superintendente dos Direitos do Idoso, Heloísa Landim; o presidente do Conselho Municipal do Idoso, Mário Filho; e o coordenador do curso de Educação Física do Isecensa, Maurício Calomeni, que desenvolve um trabalho junto ao Grupo da Memória, onde avalia a fragilidade física e cognitiva dos idosos e desenvolve testes específicos para diagnóstico inicial com a proposta de desenvolver atividades físicas que também ativem o cérebro.
O encarregado e coordenador da Casa de Convivência, Orensten Júnior, falou sobre a importância da Jornada. “Muito importante que esse evento seja realizado aqui, onde está o público-alvo. É muito importante que a família acompanhe este tipo de evento para saber identificar os primeiros sinais de uma doença como o Parkinson. Quanto mais cedo o diagnóstico, melhor para o tratamento”, diz Júnior.
Pacientes falam do resultado do tratamento
Durante a Jornada, a coordenadora do CDAP, Deborah Casarsa, apresentou o empresário Maurício Martins Filho, 72 anos, que há cerca de 14 anos, faz tratamento de Parkinson sob a orientação dela. “Ele é um exemplo de tratamento bem-sucedido. Ultrapassou barreiras”, disse a médica, lembrando que há cerca de três anos, o empresário recebeu a indicação para a cirurgia que consiste em implantar eletrodos no cérebro, conectados a um gerador parecido com um marcapasso, que gera estímulos para melhorar os sintomas da doença.
Marta Nunes, 55 anos, aliou o bom humor ao tratamento que faz no CDAP há cerca de 10 anos. A doença foi diagnosticada quando ela tinha 47 anos, após passar por vários médicos para tentar diagnosticar um tremor no dedo. “O Parkinson é uma doença que castiga. O mais importante é tentar transformar,o mais importante é lutar”, disse Marta, que mora no Rio de Janeiro.