Água em abundância e de boa qualidade. Essas são condições fundamentais para o sucesso de um empreendimento de produção de peixes. Nesta semana, equipes da superintendência municipal de Pesca e Aquicultura e do Núcleo Técnico do Comitê de Bacia Hidrográfica do Baixo Paraíba do Sul percorreram a Baixada Campista em um levantamento sobre as condições das águas dos canais Quitingute, São Bento e seus secundários. O objetivo é localizar pontos críticos com maior necessidade de intervenções ou manutenção, para garantir água ao projeto.
De acordo com a avaliação, o Quitingute, que passou por recente intervenção, apresenta resultados positivos. As águas, antes salinizadas, estão novamente com características de "água doce", para alívio dos produtores rurais, que vinham perdendo gado, e de pescadores, que terão espécies nativas de volta. Já o São Bento gera apreensão. O canal está totalmente assoreado e cheio de vegetação. Trata-se do único canal perene da região e que recebe água do Rio Paraíba do Sul durante todo o ano. Ele sai do rio na altura de Barcelos (SJB) e deságua no Canal das Flechas, em Campos, cortando inúmeras propriedades.
— O risco é de obstrução total, se não houver imediata intervenção com máquinas adequadas. Será importante trabalharmos juntos para garantir que a água continue chegando aos tanques de peixes durante todo o ano, independente das condições climáticas, como agora e nos períodos de seca — disse o presidente do Comitê de Bacia Hidrográfica, João Gomes Siqueira, integrante do núcleo técnico de monitoramento hídrico.
O presidente da Associação de Assentados do Che Guevara, José Chagas, o Juca, de 76 anos, reiterou que a maior dificuldade encontrada pelos produtores e pescadores é justamente a inconstância na oferta de água na localidade de Marrecas, onde fica o assentamento. "Tentamos criar peixes há algum tempo em tanques escavados, mas sem acompanhamento técnico e nem água de boa quantidade. Se a superintendência de piscicultura e pesca puder limpar os canais, teremos água. Acreditamos no projeto e vamos trabalhar juntos pra dar certo”, garantiu Juca.
“Temos articulado com todos que podem contribuir para a solução das demandas que vêm surgindo, com envolvimento direto do superintendente Betinho (José Roberto Pessanha). O projeto que será implementado no assentamento Che Guevara pode se tornar um polo de referência na piscicultura. Temos os recursos naturais necessários, clima adequado, potencial hídrico, todas as condições favoráveis à criação de várias espécies de peixes, talvez até de camarão” explica o superintendente adjunto, José Armando Barreto.
O superintendente adjunto destaca também a parceria com o Comitê de Bacia Hidrográfica para a implementação do projeto. “O professor doutor João Gomes Siqueira e Luis Marcos Barreto, da Asflucam, membros do comitê, conhecem muito os canais e lagoas, suas características e, principalmente, suas comportas. Temos no projeto, gente de enorme ‘expertise’ e representatividade. Buscamos aumentar a renda dos assentados e, com certeza, melhorar a qualidade de suas famílias”, acrescentou.
A grande quantidade de plantas aquáticas no São Bento preocupa, porque não há qualquer previsão de limpeza. Com a redução dos níveis de água nestes quatro meses de estiagem, entre maio e setembro, o fluxo hídrico pode ser totalmente interrompido. “Essa vistoria já nos mostra um norte. Precisamos dialogar com aqueles que conhecem a realidade e elencar prioridades, colocando recursos e máquinas para atender o maior número produtores, pescadores e aquicultores, sejam pequenos , médios ou grandes. Água é vida", conclui o superintendente Betinho.