A superintendência municipal de Pesca e Aquicultura protocolou ofício na Secretaria Estadual do Ambiente (SEA) solicitando a disponibilização de máquinas para realizar a desobstrução da entrada da “boca da barra” no Canal das Flechas, limite de Campos com Quissamã. Com o acúmulo de sedimentos no local, trazidos pela corrente marinha no sentido Norte/Sul, os barcos de pesca ficam impossibilitados de acessar e sair do canal, onde fica o ancoradouro, gerando prejuízos à economia dos dois municípios.
— Cerca de 30% dos mais de 200 barcos que atracavam no local estão ancorando em Macaé e também em cidades do Espírito Santo, como Piúma, por exemplo. Com isso, é menos dinheiro circulando na nossa região, menos combustível vendido, menos gelo comercializado, ou seja, menos dinheiro circulando nos dois lados: em Campos e em Quissamã — avalia o superintendente adjunto de Pesca e Aquicultura, José Armando Barreto.
Para tratar do assunto, uma reunião foi realizada na última sexta-feira (12) no auditório da Prefeitura de Quissamã. Na ocasião, houve intenso debate sobre o controle do nível do Canal das Flechas, controlado pela comporta antes da chegada à barra. Um grupo de pescadores e proprietários rurais sugeriram a abertura da comporta para diminuir o nível da Lagoa Feia, alegando prejuízo com risco de inundações. Mas a maioria era de quem prefere a lagoa mais cheia, por questão de “garantia hídrica” para os períodos de pouca chuva.
— Prevaleceu o bom senso. Por que arriscar baixar o nível da lagoa agora e correr o risco de ficar sem água daqui a alguns meses? Precisamos garantir a oferta de água, notadamente quando temos em andamento a implantação de importante projeto de aquicultura para a região — observou José Armando.
Sobre a necessidade de manter a barra desassoreada para permitir a entrada e saída dos barcos de pesca no atracadouro do Canal das Flechas, a Prefeitura de Quissamã anunciou para esta semana a colocação de máquinas na área para iniciar os trabalhos. O serviço, segundo José Armando, será custeado através de um fundo específico da Petrobrás. Pelo lado de Campos, a superintendência de Pesca também vai aguardar uma resposta que espera ser positiva da SEA, para também ajudar na dragagem, já tendo protocolado ofício sobre a questão no Instituto Estadual do Ambiente (INEA).
Participaram também da reunião, pescadores dos dois municípios, integrantes do Instituto Estadual do Ambiente (INEA) e do Comitê de Bacias Hidrográficas do Baixo Paraíba do Sul, além de representantes do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba (PNRJ), da secretaria municipal de Desenvolvimento Ambiental e de produtores rurais. Nos próximos dias será agendada nova reunião para tratar dos desdobramentos do assunto.