Apresentar a Rede de Atenção Psicossocial (Raps) do Município foi o principal objetivo do fórum realizado nesta terça-feira (16) no auditório Edgard Coelho dos Santos, na sede da Prefeitura de Campos, que também colocou no centro das discussões temas relevantes da Saúde Mental. O fórum faz parte da programação da III Semana da Luta Antimanicomial Goitacá que, este ano, tem como tema “Não é me dominando assim que você vai me entender". A iniciativa é do Programa de Saúde Mental da Secretaria de Saúde de Campos, em parceria com o Coletivo Estamira da Universidade Federal Fluminense (UFF), e lembra o Dia Nacional da Luta Antimanicomial, marcado no dia 18.
A coordenadora do programa, Elisa Peralva, falou sobre a proposta. “O objetivo é apresentar quais são os dispositivos que compõem a nossa rede, onde eles estão, para que servem e quem eles atendem, por isso, cada coordenador apresenta a unidade que atende e a que público é destinada”, explica Elisa Peralva.
Renata Manhães, coordenadora dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps), informou que Campos possui sete serviços disponíveis, que são CapsAD (Ari Vianna), Caps II (Dr. João Batista Araújo da Silva Júnior), Caps III (Dr. Romeo Casarsa), Caps i (Dr. João Castelo Branco), PU Psiquiátrico, UAI (Unidade de Acolhimento Infantil) e Residência Terapêutica (RT). “Neste fórum de apresentação, levantamos propostas de trabalho em que a discussão evoluiu para diferentes campos. Temas importantes, como a internação compulsória e a redução de leitos hospitalares, importante para o avanço e melhoria da qualidade da assistência”.
A questão da desinstitucionalização também foi levantada. A psicóloga Enara de Carvalho, Mestre em Saúde Coletiva, assim como os demais profissionais, defende que a internação seja “em último caso”. “O Caps precisa ter a responsabilidade de dar continuidade ao tratamento. O paciente, muitas vezes, tem uma longa permanência internado e nossa luta é contra isso porque ele precisa ter uma relação com seu território, uma vida comunitária e o resgate da cidadania”.
Durante o evento, a coordenadora do Pronto Socorro Psiquiátrico, Carolina Machado, também, lembrou uma importante conquista da unidade, este ano. “Esse ano, começamos a usar a central 192, com ligação gratuita. Com isso, estamos oferecendo à população maior acesso a este serviço, que é a proposta da rede”, informa a coordenadora.
Programação continua - Nesta (17), às 9h, também no auditório da Prefeitura, vai acontecer um debate sobre o tema "Resistir para existir: a relação do poder médico na comunidade LGBT". O assunto será abordado pela psicóloga colaboradora do Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro (CRP-RJ) nas Comissões de Direitos Humanos e Políticas Públicas, Maiara Fafini; pela professora de psicologia da UFF e coordenadora do laboratório de psicanálise, política, cultura e estudos de gênero, Barbara Breder; e por um representante do coletivo LGBT Gaytacazes.
Às 14h, na tenda da UFF, o tema "Álcool e outras drogas, do uso ao abuso: quem decide?" será explanado por Enara Vieira, Fernanda Chagas (coordenadora do Caps AD e psicóloga da unidade de acolhimento infanto-juvenil), Jhayana Amorim (psicóloga do Capsi) e Pedro Beranger (supervisor da rede de saúde mental).
Já na quinta-feira (18), último dia de programação, terá apresentação dos dispositivos da rede de saúde mental, às 15h, na Praça do Santíssimo Salvador, onde usuários do serviço de saúde, seus familiares e equipe técnica da rede de saúde mental estarão compartilhando experiências e dando orientações às pessoas. O encerramento acontecerá às 18h, também na Praça, com as exibições dos curtas-metragens "A casa dos mortos" e "Processo de desinstitucionalização do Hospital Estadual Teixeira Brandão".