A implantação de um Polo Agroalimentar, no espaço onde nas décadas de 1980 e 1990 funcionou em Campos uma unidade da Central de Abastecimento do Estado do Rio de Janeiro (Ceasa), em Guarus, foi pauta de reunião de gestores da prefeitura, na tarde desta quinta-feira (20), no auditório. Trata-se de um projeto elaborado pela superintendência de Agricultura e Pecuária para dinamizar a cadeia produtiva do agronegócio em Campos e municípios da região, em um processo de integração envolvendo a comercialização em um raio de 200 quilômetros, chegando a estados vizinhos.
Após a exibição do vídeo, apresentando a estrutura do prédio de 5 mil m² de área, construído nos anos 70, o prefeito Rafael Diniz destacou a importância de investir na agricultura.
— Na agricultura está uma das saídas para gerarmos recursos e reduzir a dependência dos royalties. Se tivessem feito isso quando havia dinheiro para investir, certamente não teríamos esse quadro de crise que enfrentamos. Mas acreditamos em todos vocês, nas parcerias com universidades, na união de todos, certo de que venceremos a crise porque fizemos a coisa certa e agimos com responsabilidade — disse o prefeito.
Para esclarecer sobre o projeto de Polo Agroalimentar, Nildo Cardoso convidou o especialista Altivo Almeida, que já trabalhou em diversos organismos ligados à questão alimentar, inclusive a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO).
— Há um grande potencial em Campos e região, mas temos que trabalhar pensando em um modelo para funcionar por 40 anos, quando o mundo terá 9,8 bilhões de pessoas e será preciso atender a demanda por alimentos. O modelo de abastecimento das antigas Ceasas está superado. No conceito de Polo Agroalimentar unimos planejamento e logística dentro de um plano maior, como é utilizado na França e Europa, por exemplo — afirmou o especialista.
Altivo Almeida observou que é preciso conhecer as próprias potencialidades para investir de forma planejada. “Percebi que muita coisa produzida aqui não é contabilizada como produção local. Não só na agricultura e pecuária, mas também com os pescados. Com isso, os dados acabam subestimados. E descobri que a região produz 12% do maxixe do país. Por que não usar isso como uma marca? Por acaso existe aqui uma festa do maxixe?”, questionou.
O especialista alertou também ser necessário pensar em trabalhar com alta tecnologia, usando nas instalações, sempre que possível, energia solar, água captada da chuva e aproveitar as sobras de forma inteligente, formando banco de alimentos e produzindo adubo orgânico. E integrar toda a região formando uma cadeia de círculo virtuoso. Nildo Cardoso afirmou já estar agilizando os contatos.
— Agora mesmo estou indo à Expoagro de Cardoso Moreira e continuaremos fazendo novos contatos. Somos nove municípios no Norte Fluminense e temos também o Noroeste. Vamos trabalhar intensamente para imprimir uma onda de desenvolvimento na região, gerando emprego e renda e fortalecendo o homem do campo. Mas é importante a união de todos. Ninguém faz nada sozinho — concluiu Nildo.