“Cego não precisa de pena. Quem precisa de pena é ave para poder voar. Cego precisa de oportunidade”. A afirmação firme, mas bem-humorada é do professor João José Nunes, que foi um dos palestrantes do primeiro dia de oficinas da Semana de Inclusão da Pessoa com Deficiência, promovida pela Prefeitura de Campos, através da Secretaria de Desenvolvimento Humano e Social (SMDHS). As atividades foram realizadas no Educandário São José do Operário, na tarde desta terça-feira (22). O evento que acontece até sexta-feira (25) é voltado para a capacitação dos servidores da rede municipal e conta com representantes da secretaria de Educação, da Fundação Municipal da Infância e Juventude (Smece), e das superintendências dos Direitos do Idoso e de Justiça.
— A gente pretende dar continuidade a este projeto. Cada instituição que participa da Semana montou uma oficina continuada. A partir de setembro, vai começar aqui, por exemplo, uma oficina mais completa de braille e sorobã. Aqui é uma oficina preliminar. A ideia é que cada participante vire um multiplicador — ressaltou Catharina Barbosa, assessora chefe de Direitos Humanos da Secretaria de Desenvolvimento Humano e Social.
Além da palestra, os participantes tiveram oficinas de braille — um sistema de escrita tátil utilizado por pessoas cegas ou com baixa visão — e sorobã — um instrumento que tem como finalidade a realização de cálculos com grande eficiência e rapidez. O grupo também visitou o Jardim Sensorial, um projeto no qual os assistidos têm contato com todos os sentidos através das plantas.
Apresentação – “Isso aqui é um pouquinho de Brasil, desse Brasil que canta é feliz”. O grupo Vocal, formado de alunos da oficina de práticas musicais, cantaram os versos da música Ary Barroso na recepção dos participantes do evento. “A gente gosta muito de cantar” contou Denise Souza Silva. Ela, que vive na instituição desde os 4 anos, comemorou atividades como a realizada nesta terça.
O Educandário São José Operário trabalha na reabilitação, capacitação e promoção da inclusão de pessoas com deficiência visual em situação de vulnerabilidade econômica. A instituição completou 54 anos em maio de 2017. Hoje, segundo a presidente Cristina Salgado, a maior dificuldade é a inserção dos assistidos no mercado de trabalho. “Nós atuamos pensando na qualificação profissional. Temos 12 professores que são ex-assistidos da casa”, explicou.
Programação – Nesta quarta-feira (23), acontece na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), a partir das 15h, a oficina "Convivendo com as diferenças", que tem como foco deficiências intelectuais; a Associação de Pais e Amigos de Pessoas Especiais (Apape) recebe na quinta (24), durante todo o dia, várias atividades direcionadas ao transtorno de espectro autista e à encefalopatia. As oficinas têm encerramento na manhã de sexta (25) na Associação de Proteção e Orientação aos Excepcionais (Apoe), com a oficina de libras e lúdico.