Palestra lembra tragédia no Comício Integralista nos anos 30

Com a intenção de resgatar a história de Campos para as futuras gerações, nesta terça-feira (29), o Instituto Histórico e Geográfico de Campos (IHGC) promoveu, no Museu Histórico de Campos, a palestra “Sangue na Praça do Santíssimo Salvador – o Comício Integralista de 1937”, da professora Márcia Regina da Silva Ramos Carneiro.

No dia 15 de agosto de 1937, milhares de integralistas estavam presentes, reunidos em torno do palanque armado em frente à sua sede municipal, no Centro, para ouvir um dos maiores nomes da Ação Integralista Brasileira (AIB), o orador e ‘camisa-verde’ Celso Pessanha. Passados menos de cinco minutos do discurso, iniciou-se uma ‘fuzilaria’ que vitimou diversas pessoas, com 13 vítimas fatais.

De acordo com a professora Márcia Regina da Silva Ramos Carneiro, que é mestra em História Social e doutora em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), apesar de ser uma cidade no interior do Estado, a visão dos fatos ocorridos aqui sempre era um reflexo do que acontecia em grandes centros nacionais e internacionais e repercutia de maneira significativa em todo o país.

— A história de Campos sempre foi muito importante no cenário regional e nacional. Esse episódio ganhou repercussão nacional por ter sido o comício onde morreram mais pessoas, no meio de uma campanha presidencial, representando, naquele contexto da história exatamente o que estava acontecendo na Europa, um verdadeiro embate entre fascistas e antifascistas, ou seja, o contexto de Campos naquela época era um reflexo do que acontecia no Mundo. Campos era uma cidade conservadora e havia uma grande adesão aos ideais integralistas, mas haviam muitos comunistas, aqui na cidade e em toda a região. Havia também uma intelectualidade que se fazia presente na cidade, realizando encontros como este aqui, no Museu Histórico de Campos esta noite – explicou a professora.

A Ação Integralista Brasileira (AIB) foi um partido político fundado no Brasil no início da década de 1930 pelo político, filósofo e escritor paulista Plínio Salgado, nos moldes do movimento ultraconservador utilizado pela sigla em outros países, principalmente na Europa. Com vertente católica, possuía traços de fascismo e ganhou adeptos em todo o país. O massacre de vários integralistas em Campos, atribuído à polícia, jamais foi totalmente esclarecido.