Grandes talentos e referências em suas áreas de pesquisa Judith Grossmann, Antonio Roberto Fernandes, Ruth Maria Chaves de Oliveira Martins e José Cândido de Carvalho são os escritores campistas que dão nome aos espaços da 2ª edição do Festival Doces Palavras (FDP!). Os idealizadores do evento afirmam que um dos pontos principais do festival é garantir um foco maior na literatura campista e regional. O FDP! será realizado entre os dias 20 e 24 de setembro.
— Isoladamente, uma instituição e o próprio Poder Público não conseguem reconhecer todos os grandes nomes, nem lançar novos autores. Essa é uma das funções do FDP!, principalmente por sua características de ter sido realizado após reuniões com diversos grupos. Só assim todos os nomes tem espaço para aparecer. É preciso jogar luz no que está escondido e fortalecer nossa identidade cultural — comentou o presidente da Academia Campista de Letras (ACL), Hélio Gomes.
O presidente da Associação de Imprensa Campista, Vitor Menezes, ressalta que alguns homenageados fizeram carreira fora e, por isso, não são conhecidos no município. “A Judith, por exemplo, é uma das grandes referências na área de pesquisa literária do Brasil”, acrescentou.
Para definir a programação, a comissão organizadora do FDP! — formada pela Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima (FCJOL), Superintendência municipal de Entretenimento e Lazer, AIC, ACL e representantes de diversos segmentos — tem mantido encontros desde o início do ano. O evento, que teve mais de 100 inscritos (entre lançamentos de livros e apresentações artísticas), ainda conta com o apoio da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf), Liceu, OAB/Campos e Câmara Municipal.
Biografia dos homenageados
Judith Grossmann (1931-2015) dá nome ao espaço de debates do FDP! 2017
Escritora que nasceu em Campos, em 4 de julho de 1931, Judith Grossmann morreu no Rio de Janeiro, em 3 de janeiro de 2015. Foi em Salvador, no entanto, que ela passou grande parte da sua vida, após ter se tornado professora da Universidade Federal da Bahia, em 1966, por onde aposentou-se em 1990. Sua produção até hoje é cultuada por seus pares e objeto de estudo de pesquisadores. Entre seus livros estão “São José” (1959), “Linhagem de Rocinante: 35 Poemas” (1959), “O Meio da Pedra: Nonas Estórias Genéticas” (1970), “A Noite Estrelada: História do Ínterim” (1977), “Cantos delituosos: Romance” (1985), “Meu Amigo Marcel Proust: Romance” (1997), “Nascida no Brasil: Romance” (1998), “Fausto Mefisto: Romance” (1999), “Pátria de Histórias” (2000) e “Todos os filhos da ditadura – Romance” (2011).
Antonio Roberto Fernandes (1945-2008) dá nome ao Espaço do Escritor Campista, de lançamentos e venda de livros
Nasceu em São Fidélis (RJ), em 31 de maio de 1945, e faleceu aos 20 de novembro de 2008, em Campos dos Goytacazes. Poeta, trovador e escritor, Antônio Roberto foi membro da Academia Fidelense de Letras, da Academia Pedralva Letras e Artes, da Academia Campista de Letras e representante da União Brasileira de Trovadores (UBT). Fundou a Academia Infantil de Letras de São Fidélis e foi idealizador do Café Literário, em Campos. Foi diretor da Biblioteca Municipal de São Fidélis, da Biblioteca Municipal Nilo Peçanha e do Departamento de Literatura da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima.
Ruth Maria Chaves de Oliveira Martins (1934-2013) dá nome ao espaço de apresentações de trabalhos acadêmicos
Dela disse o poeta Manuel Bandeira em crônica sobre o livro Roda, pião!: “Ruth é paraense, mas seria poeta até em Paris”. Nascida em Belém do Pará, veio para o Rio de Janeiro aos 9 anos e chegou à planície goitacá pelas mãos do professor, desenhista e ilustrador campista Oswaldo Peixoto Martins, com quem se casou em 1961. Permaneceu em Campos dos Goytacazes pelo restante da vida, mesmo depois da perda de seu marido. Roda, pião (1956) é seu único livro de poesias publicado. Por ele recebeu o prestigiado, embora já extinto, prêmio Nestlé.
José Cândido de Carvalho (1914-1989), escolhido pela OAB para dar nome ao seu espaço de debates durante o FDP!
Jornalista, escritor e advogado, José Cândido de Carvalho nasceu em Campos dos Goytacazes no dia 5 de agosto de 1914 e faleceu no dia 1 de agosto de 1989. Atuou na imprensa campista e carioca. Seu livro “O Coronel e o Lobisomem” foi publicado em diversos países e é uma das mais importantes obras da literatura brasileira. Em 1974, o autor tomou posse na Academia Brasileira de Letras. Além do "Coronel", de 1964, José Cândido publicou "Olha para o Céu Frederico!" (1939), "Ninguém mata o Arco-Íris" (1972), "Manequinho e o Anjo de Procissão" (1974), "Os Mágicos Municipais" (1984), "Porque Lulu Bergantim não atravessou o Rubicon" (3ª ed) (1974), "Um ninho de mafagafos cheio de mafagafinhos" (1972) e "Se eu morrer telefone para o céu" (1979).