Desde o início do ano, a secretaria de Educação, Cultura e Esporte (Smece), através do departamento de Nutrição, trabalha na elaboração das Chamadas Públicas da Agricultura Familiar. O modelo, inédito no município, já fez com que o setor economizasse cerca de R$ 3 três milhões, comparando com a última chamada realizada no ano passado. No momento, a Smece finaliza a II Chamada Pública, que tem previsão de ser concluída no próximo mês e irá contemplar mais o agricultor local. A iniciativa visa agregar valor nutricional, regionalizar o cardápio da merenda escolar das unidades de ensino da rede municipal, além de diminuir custos e fomentar a economia do município.
O primeiro edital ficou pronto em março, mas seguindo as normas técnicas e burocráticas exigidas, foi publicado em setembro. O valor estimado foi de quase R$ 2 milhões para compra de polpa de frutas e leite UHT. Na ocasião, foram adquiridos 190 mil litros de leite e 56.800 quilos de polpa de frutas. A economia conquistada foi em virtude da regionalização dos alimentos.
— Listamos todos os alimentos produzidos em Campos e cidades vizinhas para podermos adequar nossos cardápios a esta realidade. Desta forma, quando elaboramos a Chamada Pública tentamos abranger ao menos a região Sudeste, em um primeiro momento, já que antigamente nossos alimentos vinham do Sul do país, o que aumentava nossas despesas. O primeiro edital contemplou gêneros como polpas de frutas e leite UHT. A opção pelas polpas foi para diversificar e melhorar o valor nutricional do cardápio. Hoje são oferecidos sucos naturais de abacaxi, goiaba, acerola, e outros —explica a diretora do departamento de Nutrição, Alessandra Frasnelli.
A novidade no cardápio agradou os estudantes. “Eles adoram. Muitos não tinham o hábito de consumir sucos naturais, alguns nem conheciam, mas todos aprovaram”, reconhece Denice de Cássia, diretora do Ciep Carmem Carneiro.
O próximo edital vai atender todas as regiões do município, dividindo-as em lotes, de modo a assegurar que cada agricultor possa entregar de forma regionalizada os gêneros para as unidades escolares da sua região. Tal chamada incluirá 29 itens, incluindo hortifruti, farinha de mandioca, goiabada, mel, melado, rapadura, dentre outros. A expectativa é que no início do ano letivo de 2018 esses gêneros já comecem a ser distribuídos em todas as 239 unidades escolares.
Paralelamente a isto, a Smece realiza convênios, capacitações e seminários para fortalecer os produtores do município com interesse em fornecer alimentos para merenda escolar. De acordo com Alessandra, quando a primeira chamada pública para aquisição de alimentos foi aberta, muitos agricultores do município não puderam participar por não possuírem capacidade produtiva, logística ou a documentação necessária.
Além do trabalho voltado para os produtores, a Smece criou um projeto pedagógico, trabalhado junto aos diretores das unidades de ensino e aos professores, que estimula o uso de alimentos regionais da agricultura familiar na alimentação escolar. Um dos frutos da iniciativa foi a I Feira de Educação Alimentar, Alimentos Regionais e Sustentabilidade, realizada em julho no Jardim São Benedito. Na oportunidade, estudantes da rede municipal expuseram os trabalhos realizados e receitas, destacando as propriedades de frutas, legumes, verduras e raízes.
Outras ações - Até o início do segundo semestre letivo deste ano foram realizadas três capacitações para as merendeiras da rede municipal. A primeira foi focada na organização e serviço da unidade; a segunda qualificação foi voltada para as profissionais que trabalham em creches, com práticas de higienização de mamadeiras; e a terceira falou sobre a importância da manipulação, higienização e armazenagem correta dos alimentos.
O departamento de Nutrição também elaborou orientações nutricionais por patologias para as unidades escolares, assim como fichas técnicas. Outra iniciativa de sucesso foi a parceria com a Universidade Estácio de Sá (Unesa), onde os graduandos de nutrição realizaram um diagnóstico nutricional dos estudantes da rede, apresentaram propostas e promoveram princípios da educação alimentar nas escolas. Para o próximo ano já foram firmados convênios com outras universidades.
Neste ano de 2017, a Prefeitura de Campos, através da secretaria de Educação, reformou oito escolas, deu início a obras de reparo em outras nove unidades e transferiu uma creche para outra sede. Implantou ainda novo sistema de cadastro de matrícula e renovação de matrícula, discute a elaboração do processo de eleição direta para escolha de diretores das unidades de ensino e deu início, em outubro, à distribuição dos livros didáticos para o ano letivo de 2018. O Departamento de Nutrição ganhou um galpão unilogístico com estrutura adequada e com alvarás de funcionamento para armazenar a merenda escolar.