Foram 30 dias de festa, mais de 20 atrações e muita emoção na comemoração do Jubileu de Ouro do Teatro de Bolso Procópio Ferreira. Neste domingo (6), a programação de aniversário foi encerrada em grande estilo com “Artigo 5º”, da Movimento Cia. de Dança. Desde a reabertura em março do último ano, sob a direção de Fernando Rossi, o Teatro de Bolso é sucesso de público e produções locais, mesmo após ficar aproximadamente três anos fechado na última gestão. A arte campista voltou a ter a sua “casa”.
A programação de aniversário de Teatro de Bolso foi aberta em 6 de abril com a produção carioca “O Porteiro”. Desde então, uma agenda repleta de realizações locais ocupou o teatro. Entre as primeiras apresentações esteve o Coral Municipal da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima (FCJOL), além da palestra “Palco e Resistência: A Geração Teatro de Bolso e as suas lutas por hegemonia nos Anos dos 1980”, com Glauber Rocha.
— A programação cumpriu o papel que desejávamos de forma muito bacana. Fechamos esta comemoração muito satisfeitos com o resultado. Pudemos reunir várias vertentes artísticas: teatro, literatura, música, dança e também as artes plásticas através de exposição. Acredito que exercemos bem nosso papel e quem saiu ganhando foi, realmente, a classe artística e o público — comentou o diretor do Teatro.
A agenda de eventos continuou com a Cia. de Arte Persona, que apresentou o musical “Mil Tons de Minas”. O Grupo Cirandarte fez a festa para as crianças com “Olê, Olá, Vamos Festejar!”. A celebração também contou com a mesa de conversa “História do teatro de Campos” e com a performance poética musical “Sax Blues & Poesia”, com Arthur Gomes.
— O Teatro de Bolso é a minha casa. Eu estreei neste palco em Campos em 1975 com “Gotas de Suor”, dirigido por Kapi. Ainda em 1975, eu subi ao palco com um texto meu, “Judas, o resto da Cruz”, com direção de Deneval Filho. Minha trajetória sempre teve o Teatro de Bolso como palco e hoje o frequento também como professor do Curso Livre de Teatro. É muito emocionante viver e ver a efervescência que o Teatro de Bolso voltou a ter do ano passado para cá — comentou Artur.
Marcando fortemente a programação, mais 30 atores se reuniram na leitura dramatizada de “O Mangue” do campista Osório Peixoto. A música marcou presença com “A Ópera do Samba” e “Carne Seca com Quiabo — Tributo a Jorge da Paz”. No foyer, houve a exposição do artista plástico Maycon Elioberto. Uma produtiva parceria trouxe à agenda o “Unirio Intercâmbio” com diversas mostras teatrais e oficinas. A dança fechou o mês de aniversário com “Campos Uma História Dançada”, da WR Agência e “Artigo 5º”, da Movimento Cia De Dança.
— Nós gostaríamos de ter recebido ainda mais ícones da história do Teatro de Bolso. Infelizmente nem todos puderam participar devido a outros compromissos fora da cidade e teve também quem não nos respondeu. Esta casa é do artista, está aberta para todos e gostaríamos de ter todos aqui, por isso, estivemos atentos a fazer os convites — comentou Fernando Rossi.
Cinquenta Anos — O Teatro de Bolso comemorou 50 anos em 13 de abril. A história começou em 1966 com a doação do espaço do Clube Tenentes de Plutão ao poder público para que o espaço fosse usado para a criação de um teatro. Em 1968, o então prefeito Zezé Barbosa fez a inauguração, como comentou o sociólogo Glauber Matias durante palestra “Palco e Resistência”.
— É importante demarcar o espaço do Teatro de Bolso como um dos principais fóruns culturais da cidade de Campos. Sua relevância nos dias de hoje se ressalta por seu valor histórico. O local em que está instalado foi doado pelos artistas e houve uma parceria política com distintos mandatos para a construção. Foi iniciado no governo Rockfeller de Lima e terminado por Zezé Barbosa. É um teatro com grande organicidade com a causa teatral e fruto de muita luta dos artistas fundadores — disse Glauber.