Prefeitura apresenta novo modelo de transporte público

A Prefeitura de Campos, através do Instituto Municipal de Trânsito e Transporte (IMTT), realizou na manhã desta quarta-feira (4), na Câmara Municipal, a primeira audiência pública para apresentação da reestruturação do transporte do município. Foi explanado pelo presidente do IMTT, Felipe Quintanilha, o projeto básico de Transporte Coletivo Alimentador de Passageiros, visando à reformulação do transporte alternativo, que será parte integrante do sistema de transporte coletivo. Durante toda a audiência foi enfatizado que o projeto tem como premissa básica não aumentar tarifa e que não haverá a proibição da circulação das vans.

De acordo com Felipe Quintanilha, o projeto prevê um sistema diferenciado, pautado em um modelo de integração, através da implantação de sistema tronco alimentar, com linhas alimentadoras, atuando nas áreas distritais, com veículos de menor capacidade e linhas troncais, voltadas ao polo central, com os de média capacidade (ônibus). A proposta é que o transporte seja trabalhado em dois sistemas que se comuniquem, um colaborando com o outro. 

— Onde há um maior número de passageiros concentrados numa menor distância os veículos necessitam ser maiores.  Em caso de menos passageiros concentrados, ao longo de um percurso, deve-se utilizar veículos menores pois o custo do quilômetro percorrido, por um veículos de baixa capacidade, é menor, o que possibilita maior oferta de horários. O foco é que todos trabalhem de forma harmoniosa, não conflituosa, como acontece atualmente – explicou Quintanilha, destacando ainda que o projeto prevê a possibilidade de subsídio tarifário, para os veículos de baixa capacidade nas linhas distritais. 

Atendendo um pleito da categoria, será proporcionado um aumento de características do transporte alternativo (alimentador). Este tipo de transporte passará por ampliação de mais dois segmentos de veículos. Além dos que já atuam, com 14 a 16 lugares, o município terá também carros com capacidade de 20 e 30 pessoas, sendo 20 sentados e 10 em pé – este obrigatoriamente apresentando acessibilidade.  A gratuidade será ampliada para 20% da capacidade. Também em atendimento a solicitações, os contratos conquistados terão valor por 10 anos, prorrogável por mais 10, e ainda há previsão de hereditariedade. Em caso de falecimento do permissionário, seus herdeiros poderão prosseguir com o contrato até o seu término. 

– Temos que crer e seguir junto ao desenvolvimento deste projeto. Dependerá de todos nós para que funcione, e devemos confiar nisso. Há décadas tentamos esse diálogo com o poder público e desta vez estamos conseguindo debater junto ao IMTT, apresentando os melhores pontos para nossa categoria. Agradecemos à Prefeitura e ao IMTT pela iniciativa e acreditamos que chegaremos ao objetivo de todos, que é o bom funcionamento do transporte em Campos — destacou a representante da Campos Cooper, Rosana Moreira.

Com 220 permissões para o transporte de baixa capacidade  — vans e microônibus entre 14 e 30 passageiros — 60 linhas ficarão distribuídas por seis setores, divididos após mapeamento da cidade.  Após finalização, o projeto seguirá sendo amplamente discutido com todas as localidades. Uma vez iniciado o novo sistema haverá um prazo que varia de 180 dias a um ano, para adequação dos veículos, para aqueles que já são permissionários hoje e ganharem. Dentro do projeto, já são propostos pontos como bilhete único através de bilhetagem eletrônica e GPS.

O presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Vinícius Mesquita, que é permissionário de transporte alternativo em linha intermunicipal do Rio, aprovou o projeto e vê uma inovação.

– Há 20 anos no transporte, o que encontramos pelo país, em geral, são projetos que visam mais pela inviabilidade do transporte alternativo. Vejo aqui um projeto muito conciso e técnico, buscando atender tanto aos interesses de usuários, como de operadores. É uma novidade, uma reorganização do serviço, com propostas que foram sucesso nos Estados por onde foram implantadas – pontuou.

A implantação do bilhete único permitirá que o passageiro se desloque a um trajeto maior, trocando de veículo, sem acréscimo de tarifa – observando que transporte alternativo já apresenta preços diferenciados de acordo com o local, com valores permitidos em portaria. Com a bilhetagem eletrônica, os valores serão repassados diretamente a cada permissionário, o que também ajudará na comprovação de renda para os permissionários do sistema. A colocação de GPS, que deverá acontecer em 30 dias partir do funcionamento, será essencial para que a população faça uso de um aplicativo que está sendo criado, através de parceria, com a universidade estabelecida no município. Através disso, serão possibilitadas vantagens como mapeamento e acompanhamento de trajetos dos veículos.

As linhas serão licitadas por pontuação havendo escolha pelos permissionários de acordo com a classificação. Em caso de empate, haverá sorteio para decisão de qual permissionário escolherá a linha. As linhas estarão integradas em pontos físicos, onde os passageiros passarão para veículo de média capacidade. Nestes locais, haverá sistema de informação ao passageiro e fiscalização.

O presidente do IMTT destacou ainda a transformação positiva do transporte coletivo em Campos. 

— Foram décadas sem solução para o transporte. Algo que está sendo buscado com esse projeto, junto a todas as partes interessadas, visando à melhoria do transporte para a população em todas as áreas da cidade. Importante frisar que o projeto foi estudado e desenvolvido pela equipe do IMTT, também comem o apoio da UFRJ através da Coppe, um dos institutos de engenharia mais respeitados do país e não utilizando de contratações de consultorias milionárias, como foi feito em outras gestões, sem solucionar o problema, sem vontade de resolver a questão de todo o transporte.  No que dependesse do que foi feito até aqui, já nem haveria mais transporte alternativo em Campos. O projeto apresentado tem como objetivo dar sustentabilidade a todos os setores e olhar para o município como um todo, conforme proposto pelo prefeito Rafael Diniz, junto à equipe do IMTT — completou Quintanilha.