Trabalho de psicólogos do HFM aborda tentativa de suicídio em Congresso

A importância da atenção aos casos de tentativas de suicídios que chegam ao Hospital Ferreira Machado (HFM) foi tema de um trabalho apresentado no 12º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva realizado no Rio de Janeiro no final de julho deste ano. Idealizado pelo serviço de Psicologia e do Núcleo de Vigilância Epidemiológica do HFM, o trabalho intitulado “Organização da Atenção aos casos de Tentativas de Suicídio em hospital do interior do RJ através da Interdisciplinaridade e Intersetorialidade” é desenvolvido desde 2015 e tem como proposta promover atendimento psiquiátrico e psicológico humanizado desde a admissão do paciente; conhecer o perfil demográfico, fatores de risco e circunstâncias envolvidas através da notificação e entrevistas orientadas; e promover o encaminhamento e acompanhamento desses pacientes na de rede pública de Saúde Mental.

Para a realização do trabalho, foram analisados 222 casos entre abril de 2015 e dezembro de 2017. Nas análises foram observados que o diagnóstico da maioria dos casos está associado à depressão. Os dados também mostram que a maioria dos pacientes que chegou ao HFM proveniente de tentativa de suicídio, no período da análise, foi do sexo feminino e a faixa etária entre 20 e 29 anos. 

A médica do Núcleo de Vigilância Epidemiológica, Christiane Ramos, destacou que o projeto é desenvolvido para prevenção de novos casos de tentativa de suicídio e tem mostrado resultados positivos. “Em 2015, quando iniciamos o trabalho em parceria, o número de tentativas de suicídio era significativo e através das ações conseguimos reduzir essa taxa. Observamos no início que esse paciente precisava ser integrado à rede de Saúde Mental para um acompanhamento completo após o atendimento emergencial. Então, criamos uma ficha de coleta de informação para esses casos, que é preenchida pela Psicologia e nos serve como banco de dados para elaboração de ações preventivas e de orientação”, explicou ao acrescentar que após a reabilitação pontual do paciente no HFM, a pessoa recebe um encaminhamento para continuar o tratamento na rede de Saúde Mental e evitar reincidências de tentativas. “Esse encaminhamento também é acompanhado pela Psicologia e pela Vigilância através de contatos regulares com o setor de Saúde Mental da rede pública do município”, ressaltou. 

De acordo com a chefe do setor de Psicologia do HFM, Simone Lessa, o projeto é considerado de vanguarda no município, pois é desenvolvido exclusivamente por servidores municipais com base nas experiências vividas no HFM. “O HFM tem uma vanguarda por ter um serviço de psicologia 24 horas na emergência e com isso podemos oferecer um serviço mais humanizado e eficaz a esses pacientes que necessitam de uma atenção especial. Ao longo do projeto identificamos a necessidade de integração destes pacientes às redes de atenção à saúde mental, da valorização de políticas públicas voltadas para o tema, no que tange à prevenção, e pudemos perceber tambémque garantir o acesso facilitado à rede de atenção nestes casos é um desafio. No entanto, através da valorização do trabalho interdisciplinar e intersetorial foi possível organizar uma rede de atendimento especializada para os casos de tentativas de suicídio no município, objetivando acolhimento humanizado, identificação precoce do caso e inserção do paciente na rede de cuidados de saúde”, disse.

Além de Christiane e Simone, também assinam o trabalho os médicos do Núcleo de Vigilância, Cláudio Luiz dos Santos Teixeira e Telmo Garcia Teixeira Junior; o psiquiatra Cláudio Rodrigues Teixeira; a psicanalista Denise Gondim; e a psicóloga Valéria Cardoso Lysandro Gomes.