Aproximadamente três mil pessoas passaram a chegada do Dia de Finados em uma noite aterrorizante com vultos históricos de volta à vida. O sucesso do evento “Meia Noite no Museu”, realizado na noite da última quinta (1) até a madrugada de Finados (2), no Museu Histórico de Campos, mostrou que há muitas formas de atrair a população para conhecer história. O evento ainda contou com a exposição sobre o Zé do Caixão e a mostra do trabalho de terror do desenhista Jonlipe de Azevedo. A noite teve música, venda de alimentos e bebidas, além de uma impactante exibição de curtas-metragens trash, com destaque para os produzidos em Campos.
Realizado pelo Núcleo Campos de Cultura da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima (FCJOL), o auge da noite era a Visita Guiada Aterrorizante, onde vultos históricos campistas voltaram à vida, em um ambiente soturno e provocativo, a performance dos atores do curso Letras em Movimento. O prédio do Museu, Solar do Visconde de Araruama, que abrigou a Câmara Municipal e foi cenário de muitas condenações à morte, colaborou para o clima do Dia dos Mortos.
As visitas eram feitas em grupos de 30 pessoas encaminhadas por monitores. Mais de 100 monitorias foram feitas das 22h até 1h da. A gerente do Museu, Graziela Escocard ressaltou a satisfação por este evento, que foi sobre história e foi histórico na cidade.
— O evento está sendo um sucesso. Nem nós esperávamos um público tão grande. A fila para a visita guiada saí do museu, segue pela Praça São Salvador e dobra a esquina da Alberto Torres. Fazemos cada visita com cuidado, com grupos pequenos pela segurança do acervo e para que os visitantes possam aproveitar. Ficamos muito satisfeitos porque este não é um evento americanizado, não é Halloween, é o nosso Finados, e estamos apresentando um pouco da história de Campos, de forma divertida — comentou Graziela.
Durante a Visita Aterrorizante, luz baixa pelos salões do prédio e apresentação de personagens históricos campistas como o Barão da Lagoa Dourada, que cometeu suicídio ao se atirar da ponte Barcelos Martins no Rio Paraíba. A visita também lembrou o fato de a cidade campista, em seu período escravagista, ter sido a que mais registrou assassinatos de senhores pelos escravizados. Os gritos de tortura, os sustos e os vultos de personagens históricos roubavam gritos e muitas risadas dos visitantes.
— Eu achei muito legal. Eu adoro história de terror e eu não conheço as histórias de Campos, então quando soube desse evento logo me interessei. Aproveitei pra me fantasiar e vir à caráter. Achei muito boa a proposta, acho esse evento tem que acontecer todos os anos porque muita gente gosta de terror e ainda podemos aprender história — comentou o estudante João Victor Silva, de 16 anos, que como muitos, se fantasiou para o evento. De volta aos tempos das cavernas, o jovem estava vestido como Fred Flintstone, do famoso seriado de desenho animado.
No pátio do Museu, foram exibidos filmes trash, sob a curadoria do fotojornalista e amante do estilo, Wellington Cordeiro. Produzidos em Campos, “Ave Satan”, “Casa do Capeta” e “Cambaíba”. Também foram exibidos filmes de produção nacional e internacional, como “Punhos de Jesus”. “O universo fantástico provoca curiosidade por isso temos este sucesso aqui hoje. Não é só uma festa porque o Museu está cumprindo sua função de levar até as pessoas a história, o conhecimento, informação. É muito legal também que o pessoal pôde ver produções de terror campistas, saber que existem. Um evento que remete à cultura brasileira, se distancia do Halloween e atrai público para o Museu “, disse.