Dezenas de pessoas prestigiaram a Roda de Conversa “Gente da Terra – Estudos sobre o Município de Campos”, na tarde desta quarta-feira (21), no auditório Miguel Ramalho, do Instituto Federal Fluminense (IFF), no segundo dia da programação do segundo dia da 10ª Bienal do Livro de Campos. Participaram a escritora e professora Marluce Guimarães, o publicitário Matheus Venâncio e o pesquisador e professor Renan Torres, com mediação do professor e pesquisador Carlos Freitas, gerente do Arquivo Público Municipal Waldir Pinto de Carvalho. Confira a programação completa da Bienal neste link (
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— É de grande importância o trabalho de pesquisa, que deve ser contínuo. A história de Campos no período colonial e imperial foi muito pouco documentada, com registros escassos. O trabalho de historiadores é importante como referência, mas as pesquisas devem ser permanentes, porque podem revelar novos elementos para revisão da história — observa Freitas.
Marluce lembrou o desafio de produzir e lançar o livro “Gente da Terra”, que inspirou o título da roda de conversa. “Sempre fui apaixonada por História, até fazer a faculdade. Mas não encontrava material para o professor ensinar às crianças. E quando o livro saiu, foi uma decepção ver que os professores não gostaram. Mas o problema é que eles não conheciam a nossa história”, explicou, lembrando que mais tarde, reeditou o livro com uma linguagem mais acessível e com novos métodos pedagógicos. “Aí, então, a coisa funcionou”, completou.
Matheus, que mora nos Estados Unidos depois de fazer especialização em Barcelona, na Espanha, disse que mesmo fora do país, não se “desliga” da sua terra. “Quando passo da curva de Donana para chegar em Goitacazes, sinto uma emoção diferente. Naquela região e em diversos pontos de Campos, temos monumentos arquitetônicos que têm que ser preservados. Com o objetivo de ajudar nesse processo é que lancei, online, a “Enciclopédia Campista”, a cada dia com mais seguidores. E me senti estimulado a pesquisar sobre a história e descobri coisas que muitos hoje jamais imaginariam, como, por exemplo, o papel de destaque e protagonismo de muitas mulheres campistas”, afirmou.
O bonjesuense Renan, formado em Ciências Sociais pela Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) e professor de filosofia e sociologia, dedica seus estudos à herança indígena hoje tão difícil de ser identificada na população de Campos e região. “É um grande desafio e, por isso, tão fascinante. Nesses quatro anos de pesquisas encontramos sinais de que muito do que se fala sobre os índios Goitacazes, por exemplo, surgiu a partir de uma visão preconceituosa e veio sendo reproduzido através dos tempos. Há indícios, por exemplo, de que eles não eram antropófagos, como sempre se afirmou. E é importante saber também que hoje outros estudos tentam descobrir coisas de outros índios, como os puris e coroados”, ressalta.
Em seguida, os quatro debatedores abriram espaço a perguntas da plateia, que pode ouvir opiniões dos pesquisadores e especialistas, diante de questões relativas a traços culturais e questionamentos que esperam o avanço das pesquisas para serem elucidados.