A tradição da cultura popular, suas definições e evoluções foram os principais pontos abordados na mesa “Cultura Popular: entre a tradição e a transformação”, realizada na manhã deste domingo (25), na 10ª Bienal do Livro de Campos. Mediados pela socióloga Simone Pedro, a mestre em políticas sociais Gisele Gonçalves, a museóloga Márcia Ferreira, o historiador e professor Marcelo Sampaio e o escritor e historiador Luiz Antonio Simas falaram sobre o Samba, o Carnaval e a Cavalhada de Santo Amaro. Entre os presentes na plateia, o prefeito Rafael Diniz. Após cinco dias de extensa programação, a Bienal de Campos termina na noite deste domingo.
Os quatro debatedores da mesa - dois campistas, Gisele e Marcelo, e dois convidados - discutiram a definição de tradição e a perpetuação das culturas locais, como o jongo, a cavalhada e o carnaval campista.
Após a abertura de Simone Pedro, que é diretora de Pesquisa da Superintendência de Igualdade Racial, a museóloga diretora do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Rio, Márcia Ferreira, tomou a palavra e falou sobre as modificações das tradições e a importância do trabalho de preservação. “Os objetos utilizados na cultura popular traçam uma narrativa, ajudam a contar nossa história e são através deles que podemos registrar patrimônios materiais”, relatou.
Já o escritor Luiz Antonio Simas, autor de Almanaque Brasilidades, entre outros, e colunista de O Globo, exemplificou através do samba, nascido do jongo, que as transformações na cultura popular nem sempre são negativas.
- O samba tradicional urbano carioca de hoje já foi criticado por ser uma subversão da cadência original do samba. E hoje faz parte da tradição. Esse tema sempre me intrigou, mas o que fica é que a transformação tem que vir de uma raiz. Hoje são 43 manifestações musicais que se definem como samba e a verdade é que esse estilo só continua popular e vivo hoje porque teve a habilidade de se transformar - explicou.
Já a campista Gisele Gonçalves, autora de tese sobre a Cavalhada, falou sobre as transformações pontuais da manifestação campista realizada há mais de 200 anos em Santo Amaro, sempre em 15 de janeiro.
- A cavalhada e a banda respeitam ritos específicos de vestimenta, de manobras, espadas, selas campistas, entre outros, mas o que se torna ainda mais interessante a respeito da cavalhada é que ela é do povo e os esforços para manter cada pequeno detalhe das tradições vem dos próprios participantes. Claro que evoluiu e houve adaptações, mas são pontuais - contou.
Professor de História, Marcelo Sampaio focou na importância da retomada do carnaval campista. “Sofremos muitas modificações do Carnaval campista nos últimos anos, mas é preciso reforçar a valorização do trabalho local", defendeu.