Dezenas de estudantes e professores lotaram a Academia Campista de Letras nesta sexta-feira (26) para celebrar o mês do Livro Infantil. Na ocasião, os participantes contaram com uma conversa inspiradora com o escritor infanto-juvenil Júlio Emílio Braz e com o lançamento do Projeto Caixoteca no Jardim São Benedito, uma pequena biblioteca fixa, com cerca de 30 títulos. O evento, organizado pela secretaria municipal de Educação, Cultura e Esporte (Smece), através do Programa de Leitura Ler par@ Ser, foi o primeiro de uma série de atividades que acontecem até o próximo dia 30 em vários espaços públicos da cidade.
Logo na entrada, os participantes foram recebidos pela Smece Band e os estudantes ganharam a obra “Nilo Peçanha em Quadrinho”, de Rubens Matos do Couto sobre o ilustre estadista campista.
- O livro é como um amuleto mágico nas nossas vidas, pois nos torna mais fortes, nos dá superpoderes, através deles conseguimos ver coisas que os outros não veem. Cada novo livro, é um novo poder que nos é dado. Que os livros sejam sempre nossos companheiros, amigos, armas e escudo - explicou o secretário de Educação, Brand Arenari.
Criado na favela da Maré em uma casa de palafita, por mãe e tia analfabetas, a história de Júlio por si só já é uma aula. Formado em história, o premiado escritor tem 183 livros infanto-juvenis lançados, todos eles com viés social. Segundo ele, o autor que o fez querer escrever foi Lima Barreto que dizia “O Brasil não tem povo, tem plateia”.
— Não temos um povo consciente de seus direitos e identidade. É sobre isso que Lima Barreto falava. Um exemplo é que, ainda hoje, muitos não se enxergam como negros. Se auto intitulam morenos, escuros...Eu mesmo achava que era pardo quando criança, era o que constava na minha certidão de nascimento, até precisar comprar um papel pardo e descobrir que ele é laranja. (...) A coisa mais letal da humanidade é a palavra. Por isso a importância da leitura e da escola. Não acredito na força transformadora da violência. Um povo que não lê, não pensa. Não existe um país decente no mundo que abdique da Educação. Todos gostam de ler, até quem pensa que não gosta. Basta achar seu caminho e eventos que fomentem a leitura, como este, são sempre muito importantes-, frisa.
A programação em homenagem ao livro se estendeu pela parte da tarde chegando a um dos espaços mais movimentados da cidade: a Rodoviária Roberto da Silveira. No local, enquanto as pessoas esperavam pelos ônibus foram surpreendidas pelo projeto: “Encontrei um livro! Vou ler!”. Cerca de 30 títulos foram espalhados por pontos estratégicos do espaço.
— Preparamos uma programação de incentivo à leitura com várias frentes: ações pedagógicas nas escolas municipais, leitura nos leitos hospitalares, troca de livros para comunidade, estande de livros promocionais da Livraria Leitura, contação de história, conversa com escritor Júlio Emílio e livro surpresa no ônibus - Rodoviária Roberto Silveira. Nossa intenção é fomentar a cultura literária nas escolas e para além das escolas na sociedade — explica Ana Raquel Pourbaix, coordenadora de Língua Portuguesa da Smece e do Programa Ler par@ Ser.
As ações de fomento à literatura prosseguem no sábado (27), das 9h às 12h, no Jardim São Benedito com contação de histórias, o projeto Vai e Vem Literário, que proporciona troca de livros literários em bom estado, e estande da Livraria Leitura. Nos dias 29 e 30 as ações acontecem em hospitais e escolas, com leitura de histórias. A iniciativa faz parte do Programa Municipal de Incentivo à Leitura, projeto “Ler Par@ Ser”.