Marcando as discussões em torno do Dia 13 de Maio e a realidade da Abolição da Escravatura para negros e negras no Brasil, até os dias atuais, a Superintendência da Igualdade Racial (Supir), em conjunto com o Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial (Compir), a Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima (FCJOL) e o Consulado Geral de Angola no Brasil realizam, no Museu Histórico de Campos, uma série de mesas de debate acerca dos desafios do negro na sociedade brasileira.
Para o presidente do Compir, Totinho, o evento tem papel importante na ressignificação do 13 de maio. “Senhores foram eximidos da responsabilidade pela manutenção e segurança dos libertos, sem que o Estado, a Igreja ou qualquer outra instituição assumisse encargos especiais, que tivessem por objeto prepará-los para o novo regime de organização da vida e do trabalho. Com isso houve, então, um debate sobre a necessidade de prover algum recurso à população recém-saída da condição de escrava. Esse recurso, que seria o acesso à terra, importante para que as famílias iniciassem uma nova vida, não foi concedido aos negros. Mesmo o já precário espaço no mercado de trabalho que era ocupado por essa população passou a ser destinado a trabalhadores brancos ou estrangeiros. Por esse motivo, essa data é, desde o início dos anos 80, considerada pelo movimento negro como um dia nacional de luta contra o racismo”, pontuou.
A escolha do dia 14 de maio, um dia após a abolição, é uma chamada a reflexão sobre o papel do Estado na inserção plena do negro na sociedade brasileiro no pós-abolição. A Mesa de abertura será às 14h, seguido de debate sobre a “História da África: das sociedades étnicas às nações”, às 14h30, com Jéssica, pedagoga e mestranda em Políticas Sociais na Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf); Manuel Sebastião Diogo, professor, especialista em políticas educacionais (convidado especial pelo Consulado de Angola) e mediação de Carol Tomaz.
Às 16h o tema do debate será a “Identidade e Cultura do Povo Bantu”, com Alberto Freitas, advogado e antropólogo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e Nilson de Jesus Cassoma Diogo, professor de História (convidado especial pelo Consulado de Angola). A mesa terá mediação de Jhen Almeida.
Às 19h a na Semana Cultural da FCJOL, “Abolição, cultura negra e religiões de matriz africana” entra em debate com Gilberto Firmino Coutinho Jr. ( Totinho), presidente do Forúm Municipal de Religiões Afrobrasileiras (Frab) e presidente do compir, coordenador estadual de formação do Movimento Negro Unificado (MNU-Rio); Rogério Siqueira, superintendente da Supir; Rita Souto, turismóloga, pós-graduada em História da África e membro da Rede de Mulheres de Terreiro da Bahia. A mediação é de Daniela Abreu.
Para Rogério Siqueira o evento marca as reflexões que devem ser feitas na data. "Esse é um evento que foi organizado para trazer uma reflexão sobre o dia 13 de maio, mas a partir do dia 14 de maio, que é o dia pós-abolição. Como foi a inserção do negro na sociedade brasileira? O quanto ainda temos que avançar? Porque nossa história não é estudada a partir da origem africana? São essas reflexões que a gente quer fazer, junto aos companheiros do movimento negro, junto a estudiosos do tema e junto à sociedade como um todo. Esse evento é de extrema importância para marcar a data do 13 de maio, que é uma data que nós não comemoramos, mas sim é uma data de reflexão, onde a gente procura analisar o contexto histórico e, a partir disso, fazer apontamentos das direções que a gente tem que tomar, enquanto gestor de política pública, da igualdade racial, enquanto ativista do movimento negro”, explica Rogério Siqueira.