Deixar um legado para o ensino de Campos é a principal lição do programa Viva a Ciência na Escola e três alunos da EJA (Educação de Jovens e Adultos) da Escola Municipal Lídia Leitão, no Parque Cidade Luz, em Guarus, não só deram o primeiro passo nessa caminhada como foram um dos únicos que escolheram a matemática como tema do estudo. Erenildo Neto, João Dias e André Luiz Gomes vão desenvolver projeto que usa a robótica como meio de ensino da matemática nas escolas. O programa de apoio à pesquisa Viva a Ciência, lançado em abril pelo prefeito de Campos, Rafael Diniz, numa parceria da Superintendência de Ciência, Tecnologia e Inovação e da Secretaria de Educação, Cultura e Esporte (Smece), quer semear através de bolsas a participação de estudantes do Ensino Fundamental em políticas que serão utilizadas em salas de aula.
“Eu nunca tinha visto nada nesse sentido e me interessei em poder montar o projeto. Estou feliz em fazer parte disso”, conta André Luiz dos Santos Gomes, de 19 anos. Ele e os amigos João Pedro de Oliveira Dias, 19, e Erenildo Dias Neto, 24, estão na VII fase da EJA. “Sempre me interessei por informática e quando li que era um projeto sobre robótica aqui na escola eu logo me inscrevi”, disse Erenildo. João Pedro também vem se destacando pelo comprometimento com as aulas e foi selecionado para fazer parte do grupo.
Dos 36 projetos aprovados pelo Viva a Ciência na Escola, três são de matemática. A professora orientadora Luciana Pinto Freitas montou o projeto envolvendo robótica educacional por perceber que poucas instituições públicas no país utilizam os recursos da programação para auxiliar na aprendizagem. Quando divulgou entre os alunos, entre os interessados, os três se destacaram. A primeira reunião dos quatro foi realizada na última quinta-feira (23) à noite.
— Com uma placa controladora, vamos montar na primeira fase um projeto com leds para auxiliar no ensino da geometria, por exemplo. A partir daí, vamos desenvolver outras formas de usar a robótica e pensamos até em ser esse um projeto fixo na nossa escola — planeja Luciana.
A pedagoga da escola Ana Maria Nascimento da Silva Cruz conta que ter um projeto selecionado pelo governo municipal deu ao grupo mais orgulho e garante à escola meios de cumprir seu papel transformador.
— Quando analisamos o Viva a Ciência da Escola, podemos perceber seu papel importante na inclusão social, porque esses alunos ganharão bolsa, e também seu papel no desenvolvimento pessoal do aluno e da comunidade acadêmica. Incita o orgulho nos nossos estudantes, nos pais dos nossos estudantes, e nos moradores do bairro onde a escola está inserida, que vão saber que é daqui que está saindo um projeto de robótica. Com certeza, vai fazer com que a escola seja vista de forma mais atrativa para todos aqui dentro — observa.
A Escola Lídia Leitão Albernaz tem cerca de mil alunos, com quase 300 da EJA. E inspirar outros alunos para a pesquisa é o que a diretoria da escola mais deseja, como reforça a vice-diretora Gilsara de Azevedo Ferreira.
— Esses três alunos foram selecionados pela garra, pelo talento e pela disposição em aprender, aprimorar seus conhecimentos e ensinar. E são muitos outros alunos com esse perfil aqui dentro, que temos certeza que vão enxergar em si essa capacidade e vão almejar voos mais altos. Acredito que teremos muito mais estudantes interessados em pesquisa agora — comemora Gilsara.
A escola já foi destaque em 2017 quando venceu a competição de outro projeto da Prefeitura de Campos, o Reciclando Hábitos, que promove gincana de coleta de lixo reciclável. Em 2018, a escola ficou em segundo lugar.
A coordenadora de Ciências da secretaria de Educação, Cultura e Esporte (Smece), Carla Sales, conta que receber o projeto foi motivo de orgulho para todos os profissionais da educação.
- Estamos realizados, pois trata-se de uma iniciativa inovadora, uma vez que no país temos poucos projetos que apoiem jovens do ensino fundamental na prática da iniciação científica. Acreditamos no impacto positivo dessa iniciativa na formação cidadã de jovens com capacidade de desenvolver o espírito crítico, para evolução individual e transformação da sociedade. Em alguns anos vamos colher frutos ainda maiores porque estamos criando hábitos de pesquisadores nos nossos estudantes - explica.
Lançado em 2019 pela Superintendência de Ciência, Tecnologia e Inovação em parceria com a Secretaria de Educação, Cultura e Esporte, o Viva a Ciência na Escola é uma extensão do Viva a Ciência, voltado para universitários.
Veja o resultado final dos projetos aprovados pelo Viva a Ciência na Escola publicado no Diário Oficial do dia 22 de maio AQUI.