Notícia no detalhe

Fórum de Saúde Mental aborda o "Racismo Estrutural"

Por: Edson Cordeiro - Foto: Tarcísio Nascimento - 12/07/2019 - 09:08:50

O 11° Fórum Intersetorial de Saúde Mental, realizado nesta quinta-feira (11), no auditório da prefeitura, abordou a temática “Racismo Estrutural e Saúde Mental”, no auditório da prefeitura. Promoção da Gerência do Programa de Saúde Mental da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), o evento elencou vivências de quatro estagiários de Psicologia, sob mediação da coordenadora da Unidade de Acolhimento Infantil (UAi), enfermeira Lilian Monsores.

— Como negra e moradora de uma comunidade na Baixada Fluminense, durante a adolescência, sempre vi e também senti manifestações de racismo. Mas eu queria buscar meu espaço e lutar contra isso. Estudei, me formei, mas esta é uma situação que enfrento ainda nos dias de hoje. Mas a luta contra a “invisibilidade” que impõem tem que prosseguir — destacou.

O estagiário Marvin Souza também ressaltou a importância de um posicionamento consciente diante da questão. “O negro é geralmente vítima de um stress traumático de base racial. De um racismo sistêmico e estrutural”. Posição destacada pela também estagiária Karolayner Gaby. “No estágio, trabalhei com menores em ressocialização, a maioria negros, e via ali parte de minhas origens, porque eles vieram de onde eu fui criada”, observou, lembrando que essa realidade fundamentou sua monografia.

Rubiana Viana também utilizou a realidade dos menores em ressocialização na sua monografia. “Os negros formam a grande maioria da população carcerária; somos três quartos da população pobre, as maiores vítimas dos homicídios e também do desemprego. Por isso é importante termos debates como este, que apontem caminhos”, afirmou.

Como contraponto, a palavra da estagiária Barbara Jacyntho causou forte impacto e emoção. “O branco é racista porque esta é uma posição que garante e perpetua os seus privilégios. Como futura psicóloga branca, percebi que esta ainda é uma Ciência feita por brancos. Mas é preciso nos colocarmos no lugar do outro. Para não continuarmos tendo uma sobreposição branca em posições de destaque e negos em posição contrária. Isso não é normal”, lamentou.

No encerramento, pessoas da plateia, a maioria profissionais ligadas à área da Saúde Mental, também puderam expor experiências que mostram a necessidade de apoio às iniciativas que combatam o racismo, promovendo a igualdade. “Esse foi um Fórum inédito e vamos voltar ao tema em outros momentos. Pensar uma rede de cuidados em saúde mental em substituição ao manicômio exige de maneira urgente incluirmos as questões relativas ao racismo estrutural”, avaliou a coordenadora do Programa, Elisa Mayerhoffer.