Uma pesquisa científica do 9º ano, da Escola Municipal José do Patrocínio, busca melhorar a vida dos moradores do bairro da Penha, em Campos. Três bolsistas do Programa Viva a Ciência na Escola, promovido pela Prefeitura de Campos, através da Superintendência Municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação e a Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Esporte (Smece), estão mobilizados no projeto “Levantamento da qualidade da água das residências dos alunos”, realizado semanalmente nas casas dos estudantes da unidade. Em três meses, mais de 40 casas já receberam os novos pesquisadores engajados em descobrir as condições do recurso natural. O talento e a dedicação têm sido reconhecidos e renderam aos novos cientistas uma das premiações na Feira Municipal de Ciência e Tecnologia de Campos (FEMuCTI).
Aprovados em maio deste ano com o trabalho, Kassiany Alves, de 14 anos, Allex Lima e Izabele Franco, ambos com 15, iniciaram em agosto as coletas de amostras de água com o objetivo de alcançar 50 residências até maio do próximo ano. Orientados pela professora do Laboratório de Ciências Erlise Sanches, o grupo precisa antes realizar um processo de georreferenciamento e, aos poucos, está descobrindo a satisfação de realizar trabalhos de campo, manusear frascos de laboratório e identificar os primeiros resultados científicos.
Um desses casos é o da jovem Izabele. Moradora do bairro, ela sente a felicidade da descoberta do que era até então desconhecido. “Várias pessoas não sabem se a água que estão consumindo é potável ou não. Acho bacana ir até essas casas, conversar com os moradores e conscientizá-los”, ressaltou, empolgada.
A análise é organizada em três etapas: coleta de amostras, identificação de coliformes totais e as escolhas das intervenções para solucionar os casos em que o consumo da água seja de baixa qualidade. “Depois dessa coleta, colocamos o frasco na estufa, que fica durante 24h, e observamos se ela mudou de cor. Do verde para o amarelo, essa amostra foi detectada com coliformes totais. E se eu tenho uma casa com coliformes, preciso fazer intervenção”, explicou a professora.
Os kits colitest utilizados no Laboratório de Ciências para detecção dos coliformes e da E.coli, bactéria estranha ao organismo humano, que vive em nosso trato digestivo, são cedidos pelo Laboratório de Biologia do Reconhecer da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), com a colaboração dos professores Jorge Hudson Petretski e Elias Fernandes de Souza.
Para que os estudantes tenham suporte na pesquisa, o programa Viva a Ciência na Escola oferece uma bolsa de R$ 120,00 mensais aos três alunos que fazem parte do projeto, além de uma taxa única de bancada de mil reais destinada ao professor orientador na manutenção e melhoria das atividades necessárias ao desenvolvimento do conhecimento científico.
— A participação no Viva a Ciência Na Escola representa uma oportunidade ímpar na formação dos nossos alunos, pois além da motivação pela bolsa de Iniciação Científica Jr, o envolvimento com a pesquisa e com o processo investigativo, ainda na educação básica, possibilita ganhos individuais e coletivos na vida social, escolar e econômica de cada aluno envolvido — destacou Carla Salles, coordenadora de Ciências da Smece.
A previsão do projeto é que até a conclusão final das análises das amostras, membros da pesquisa recebam uma visita da concessionária Águas do Paraíba, para que seja observado o aprendizado adquirido pelos alunos e a realização das ingerências necessárias, em casos da contaminação da água fornecida aos moradores.