Manequins, ventiladores, caixotes e pilhas. Objetos que separadamente talvez não fizessem sentido em um mesmo ambiente ganharam vida e inspiração nas obras de Leonardo da Vinci, com o projeto “Leonardo Sobral – um sopro robótico na Junk Art”, da Escola Municipal Dr. Luiz Sobral, no Jardim Carioca. Terceiro lugar na Feira Estadual de Ciência e Tecnologia (FECTI), no início do mês, a iniciativa de professores e dos meninos Abner, Kaiki e Cristian, do 9º ano, contou o apoio expressivo da comunidade escolar e da secretaria de Educação, Cultura e Esporte (Smece) para oferecer o incentivo necessário à criatividade e a mobilização de cada etapa a ser desenvolvida.
Com o tema da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia deste ano “Bioeconomia: Diversidade e Riqueza para o Desenvolvimento Sustentável”, os professores Luiz Carlos Soares e Cristiane Marques pensaram em soluções sustentáveis que envolvessem arte, ciência e robótica. Foi através da Junk Art, vertente artística que trabalha com material alternativo, a partir de movimentos robóticos e noções de eletrônica, que tudo começou.
Baseados nessa ideia, Cristiane e Luiz ficaram responsáveis por captar os alunos para acreditar que seria possível realizar e participar da Feira Municipal de Ciência e Tecnologia (Femucti), em outubro, no Jardim São Benedito. O trabalho no início, não foi fácil. Poucos alunos aceitaram embarcar nesse caminho de desafios e descobertas.
— A princípio, alguns alunos não se interessaram muito. Perguntavam se valeria nota, e o Abner, o Kaiki e o Cristian foram os que acreditaram. Sempre soube do potencial deles, e fiquei muito feliz quando aceitaram. Hoje, vejo a evolução, a autoconfiança que adquiriram e o potencial que o projeto está oferecendo na vida deles — comentou Cristiane, professora de Ciências.
Após acenar positivamente, os jovens precisaram correr atrás dos materiais essenciais ao desenvolvimento do que, até então, estava apenas no papel. Um deles, o Kaiki, recorreu à mãe, que trabalha com crochê, para conseguir o manequim, pensado para dar vida às obras de da Vinci.
— Todo o trabalho foi desenvolvido em parceria de dois laboratórios: Ciências e Animação Cultural. No Laboratório de Ciências foi trabalhada toda questão científica do projeto, enquanto na Animação Cultural, onde trabalhamos arte/robótica, realizamos uma imersão em obras de Leonardo da Vinci e Vik Muniz para oferecer uma contextualização na Junk Art — explicou Luiz Carlos Soares, professor no Laboratório de Animação Cultural/Robótica.
Pinturas, reutilizando materiais que seriam descartados, como sacos de chão e telas, também ganharam uma nova concepção artística, através de releituras do quadro da Mona Lisa e o desenho do Homem Vitruviano, obras de da Vinci.
Feliz com a oportunidade e o resultado, Cristian Fernandes contou como a experiência mudou seu comportamento.
— Antes, eu tinha vergonha de falar e ainda nem acredito que estou aqui. Eu nem acreditava, que participando da feira em Campos, a gente poderia ganhar uma oportunidade de participar de uma feira no Rio de Janeiro. Sinto que desenvolvi muito pessoalmente, em casa, na escola e hoje, consigo me expressar melhor — disse o jovem.
Coordenadora de Ciências da Smece, Carla Salles ressaltou os benefícios adquiridos pelo envolvimento dos estudantes. “O envolvimento com a pesquisa e com o processo investigativo, ainda na educação básica, possibilita ganhos individuais e coletivos na vida social, escolar e econômica de cada aluno envolvido”, destacou Carla Salles.