Os promotores e defensores públicos que participaram da reunião remota do Gabinete de Combate ao Covid nesta segunda-feira (05) defenderam a necessidade da continuação das medidas restritivas como forma de preservar a vida, em função do aumento de número de casos e do esgotamento da capacidade física instalada dos hospitais A promotora Maristela Naurath apresentou:
“Pelo informe que tivemos da secretaria estadual de Saúde, na verdade verificamos que nós estamos, não perto de sair da Fase Vermelha, mas perto de entrar na Fase Roxa. Estamos em nível de risco muito alto. Não há escolhas, na verdade. Fico feliz que o prefeito, os gestores de saúde estejam atentos como estão”. E, alertou a promotora: ““Morto não compra, morto não gera dinheiro, morto não faz circular a economia, muito menos uma pessoa entubada. A gente vai ficar em um nível que não é só colapsado, mas de ter cadáveres nas ruas. Eu acredito na ciência, não podemos fazer suposições que não tenham base científica. A recomendação expedida pelo Ministério Público deixou bem claro que a tomada de decisão deve ser por critérios científicos e não por achismos”, afirmou.
A promotora considerou o cenário extremamente severo: “Eu visitei ao CCCC na última sexta-feira com todos leitos ocupados. Vi um paciente chegando e não podendo ficar, porque não havia vagas. Essa experiência é que podemos ter com nossos parentes, com nossos vizinhos. Precisamos de medidas extremamente restritivas, porque não daremos conta. A gestão pública tem feito o que é possível e hoje precisamos que todos colaborem. Os óbitos não são de responsabilidade do gestor, mas de todos nós que circulamos, que aglomeramos, que não usamos a máscara. É bom lembrar que vacina não é uma cura. Ou seja, você que está imunizado você pode pegar a doença e, mesmo sem nenhum sintoma, passar para outras pessoas. O MP vai ter uma fiscalização mais rigorosa”.
O promotor Marcelo Lessa relacionou: “O administrador, o gestor, o MP, a Defensoria Pública, não paramos um minuto sequer no fim de semana, que não foi de feriado, nos falamos direto, na sexta, no sábado, no domingo à noite. Tudo que eu queria era que fosse possível fazer aceno técnico para o setor produtivo, de flexibilização, ainda que tímida, sem comprometer a eficácia das medidas. E ouvimos o contrário. Nós não podemos deixar o município sozinho com todo peso de encontrar solução para o número de pacientes que está aumentando, seria desumano. Seria bom se todos compreendessem que o prefeito não tem culpa, o MP, a Defensoria não tem culpa, não temos prazer em ver a atividade econômica parada. Mas temos que colocar os valores na mesa e a vida é o valor mais importante para ser levado em conta agora. O município tem que estar preparado no sentido de se empenhar nas medidas necessárias e contará com o nosso apoio, do MP, da Defensoria. Os generais dessa guerra são os médicos e a eles é que temos que dar ouvidos”, disse.
O defensor Lúcio Campinho também se mostrou preocupado com o momento: “O período de Páscoa não foi observado pelas pessoas como deveria ser de isolamento social, o período que começa agora, o pagamento do auxílio emergencial, que é importante. Temos um município que é o maior em território, onde há dificuldade de fiscalizar as medidas de restrição. Existe preocupação muito grande com a área econômica, mas, neste momento, temos que salvar vidas. As dificuldades de internação são muito grandes e não é em Campos, é na região, é no Estado, no Brasil, e temos que adotar medidas para evitar o contágio”. As medidas são necessárias e, portanto, não é possível flexibilização. As restrições são imprescindíveis para esse momento”, analisou.