O Grupo Oficina de Texto Terra da Alegria (Gotta) vai celebrar o Dia do Índio, comemorado em 19 de abril, com uma apresentação de Colar de Trovas da União Brasileira de Trovadores (UBT), feito exclusivamente para os alunos do Gotta. O projeto é ligado à Secretaria Municipal de Educação, Ciência e Tecnologia (SEDUCT). Para o secretário da pasta, professor Marcelo Feres, a data deve ser considerada como um motivo de reflexão sobre os valores culturais dos povos indígenas.
“Nossos estudantes precisam entender a importância da preservação e respeito desses valores. Preservar essa memória significa preservar a identidade cultural e a história de Campos, que começou com o índio Goitacá. Por isso, temos a necessidade de pensar de que modo os descendentes desses primeiros habitantes estão vivendo hoje, a fim de ajudar a preservar seus costumes e memória. A data foi criada em 1943 com o objetivo de desenvolver políticas públicas efetivas para a preservação da cultura indígena”, afirmou o secretário.
A diretora pedagógica da Seduct, Tania Alberto, acrescentou que, mesmo no formato de aula virtual, a rede trabalha a temática de forma a eliminar o conceito ultrapassado de que o índio é selvagem. “Ele é o habitante legítimo da terra e todas as nossas escolas trabalham essa referência. Na apostila do terceiro ano de escolaridade, por exemplo, a temática é apresentada através de um encontro entre a turma do Sítio do Pica Pau Amarelo com os índios, que explicam a cultura deles, significados dos sons, roupas, etc”, comentou.
De acordo com a criadora e uma das coordenadoras do Gotta, Ana Lucia Souza, Trova é um poema monostrófico (contém uma estrofe apenas) com quatro versos heptassílabos (redondilha maior), sem título, que se completa em seus quatro versos. “Os poetas criam versos a partir de um tema, dando continuidade um ao verso do outro, formando assim um só texto com o determinado tema. É feito como se, realmente, fosse um colar: cada trova tem que iniciar com o último verso da trova anterior. A última trova é o fechamento do colar”, explicou.
A orientadora pedagógica da Escola Municipal Professora Sebastiana Machado Silva, uma das unidades do Grupo Gotta, Angela Fonseca, falou sobre como a unidade escolar trabalha a temática.
“Buscamos trabalhar nas escolas do nosso município com a nomenclatura de "nações indígenas", termo mais abrangente no que se refere às inúmeras aldeias e comunidades indígenas presentes no país. Desenvolvemos em nossos alunos uma visão mais crítica sobre os indígenas da atualidade, desmistificando as ideias do século XV que só reafirmaram o caráter colonizador do homem branco. Apresentamos aos nossos alunos o indígena do século XXI que assiste TV, tem geladeira, utiliza Wi-Fi, celular. Enfim, transfiguramos a ideia acerca de nações inteiras que se encontram conectadas ao chamado "mundo do homem branco". Nações que ainda continuam lutando pelo seu direito à terra, à participação política e a uma maior representatividade na nossa sociedade. Especificamente em Campos, evidenciamos a figura do guerreiro goitacá, primeiro a povoar nossa região e que serviu de inspiração para o nome de nossa cidade. Trabalhamos as nações indígenas conhecendo um pouco de sua cultura na alimentação, nas vestimentas, nas brincadeiras, mas, sobretudo, no reconhecimento da sua importância na formação do povo brasileiro. Precisamos pensar nos indígenas como nações com direitos soberanos sobre seu território e suas formas de organização social. Este é um dos grandes desafios a enfrentar e certamente que ele perpassa por uma Educação mais crítica, atualizada e reflexiva em nossas escolas”, detalhou Ângela.