Mesmo com a pandemia pelo novo coronavírus, o Centro de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (CRACF), programa da Secretaria Municipal de Saúde, continua prestando assistência aos portadores de anomalias congênitas da face, em especial aos pacientes com fissura labiopalatina. Criado em 1994, o Centro tem por objetivo a reabilitação estético-funcional, integração psicossocial e orientação às famílias desses pacientes.
A unidade funciona no Centro de Referência e Tratamento da Criança e do Adolescente (CRTCA2), antiga sede da Associação de Proteção à Infância e à Adolescência (Apic), na Avenida 28 de Março, das 8h às 17h.
Uma das responsáveis pelo programa, fonoaudióloga Marta Arêas, explicou que, por causa da pandemia, o atendimento presencial tem acontecido somente às quartas-feiras para evitar aglomeração no local. Segundo ela, o programa tem quase mil pacientes cadastrados e atende toda a Região Norte e Noroeste Fluminense. “Desde o ano passado temos observado um aumento no número de recém-nascidos com algum tipo de fissura labiopalatina”, disse ela, destacando que a incidência de casos no Brasil é de 1 para cada 650 bebês nascidos vivos.
A partir da décima oitava semana de gestação, a ultrassonografia morfológica ajuda a avaliar o desenvolvimento do feto e detectar possíveis malformações, como a fissura labiopalatina, que é popularmente conhecida como lábio leporino ou fenda labiopalatina. A psicóloga Cleide Neves explicou que, detectada a anomalia, essa gestante já pode iniciar o acompanhamento no CRACF pelo serviço de psicologia para poder ter melhor aceitação frente ao diagnóstico da malformação.
“Esse acolhimento tem efeito terapêutico positivo de adesão ao tratamento entre mãe-bebê e familiares, já que após o nascimento essa criança demandará procedimentos cirúrgicos e de reabilitação. Atuamos desde a gestação”, disse Cleide, destacando que o acompanhamento do paciente, dependendo da necessidade de cada um, é para toda a vida.
Atualmente com 18 anos, a estudante Lívia Oliveira Santiago é paciente do CRACF desde o nascimento. Com 3 meses de vida, Lívia fez a primeira cirurgia plástica em um hospital de Bauru, São Paulo. Ao longo desses anos, segundo ela, que nasceu com fissura bilateral e fenda palatina, foram mais oito procedimentos cirúrgicos. Uma nova cirurgia já está agendada.
“Se não fosse o acompanhamento da equipe do CRACF não estaria tão bem como estou hoje. A equipe cuida muito bem da gente”, afirmou ela, que está se preparando para entrar na faculdade.
Marta afirmou que não há restrição de idade para atendimento no CRACF. “Atendemos do recém-nascido ao idoso. Implantamos junto às maternidades do município o Serviço S.O.S Fissurado, para estabelecer o contato entre a equipe interdisciplinar do Centro e o paciente recém-nato”, disse.
Ainda na maternidade, segundo ela, o bebê é atendido pela assistente social, fonoaudióloga e psicóloga do programa, que prestam suporte aos profissionais da unidade hospitalar e encaminham o paciente e sua família ao CRACF para dar início ao tratamento. A equipe é composta por cirurgião plástico, pediatra, assistente social, psicóloga, fonoaudióloga e dentistas.
Geralmente, a cirurgia para corrigir o lábio leporino (queiloplastia) é feita a partir dos 3 meses de vida do bebê. Já a cirurgia para corrigir o palato (palatoplastia) pode ser feita quando o bebê tiver entre 9 e 12 meses de idade. “Dependendo do tamanho da fissura, se faz necessária outra cirurgia reparadora”, acrescentou Marta.