O Museu Histórico de Campos dos Goytacazes (MHCG) iniciou, nesta terça-feira (15), sua atividade pela passagem do centenário da Semana de Arte Moderna, realizada no Theatro Municipal de São Paulo, nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922, dentro da grade de ações promovidas pela Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima (FCJOL), para celebrar a data. Até a próxima sexta-feira (18), uma vitrine no MHCG exibirá alguns exemplares da revista Horizonte 22, fundada em 1954, com inspiração na Semana de 22. A visitação ao Museu segue acontecendo por agendamento, através do telefone (22) 98179-4455.
“Os exemplares raros da Horizonte 22, fazem parte do acervo do médico Wellington Paes, dono de um grandioso material sobre a história do município, catalogado e guardado em sua residência. Ele nos emprestou o referido material, justamente para que as pessoas tenham a chance de contemplar a revista campista que se inspirava no movimento modernista”, destaca a coordenadora do MHCG, Graziela Escocard.
O jornalista, poeta e escritor, Vilmar Rangel, um dos fundadores do Clube de Poesia de Campos, entidade que originou a revista Horizonte 22, visitou o MHCG, nesta terça-feira, relatando o interessante projeto e suas influências.
Sob presidência de Manoel Joaquim da Silva Pinto, funcionou, por alguns o Centro Campista de Letras e Artes, cujas reuniões davam espaço para diferentes tipos de debates, inclusive literários. Foi justamente nesta entidade que se originou o Clube de Poesia de Campos, fundado por Mário Newton Filho e Genaro de Vasconcelos, que escreviam nos jornais daqui”, enfatiza Vilmar Rangel.
Emocionado com a oportunidade de rever as publicações da Horizonte 22, Vilmar relatou um pouco da experiência de ter participado do projeto. “Tudo começou graças a iniciativa de Mário Newton Filho. Os exemplares da Horizonte 22 circulavam bimestralmente, sempre com poesias ilustradas por Oswaldo Martins, que foi o ilustrador modernista da cidade, mais tarde passando a contar, também, com desenhos de Gipson de Freitas”, relembra.
A Horizonte 22 ganhou repercussão e se espalhou por vários estados, através do envio de exemplares por meio de postagens nos Correios. Mais de 10 clubes de poesia foram criados sob a influência da revista e do clube campista. Tempos depois, o movimento denominado Sintetismo Espacio-Temporal, formado por Vilmar Rangel, Joel Melo e Prata Tavares, surgiu trazendo publicações em jornais e livros, também inspiradas no modernismo.
“A Horizonte 22 teve uma concorrente, chamada Paralelo 38, que contou com apenas uma edição, também datada de 1954. Toda essa produção de conteúdo retrata a influência do movimento modernista nas ideias de jovens campistas, em meados da década de 1950, capitaneados por grandes poetas de nossa terra, dentro os quais se destacam: Barbosa Guerra, Álvaro Barcelos, Isimbardo Peixoto e o prosador Rogério Gomes de Souza, entre outros”, relata Vilmar.
Para a presidente da FCJOL, Auxiliadora Freitas, a divulgação da Horizonte 22, representa a valorização de um importante período do cenário cultural do município. “Ficamos extremante felizes com a disponibilidade de Wellington Paes e Vilmar Rangel, nos ajudando a resgatar algo tão raro. Novas ações de valorização de publicações como a Horizonte 22, em breve serão colocadas em prática, por nossos equipamentos”, detalha.