Agentes de Combate às Endemias (ACE) do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), da Secretaria Municipal de Saúde, participaram, nesta terça-feira (22), de treinamento para investigação de vacinados contra a Covid-19. Denominado "Encontro da Integração", o treinamento aconteceu no Teatro Municipal Trianon.
A partir de agora, os agentes, que já atuam na prevenção e controle dos vetores das arboviroses (dengue, zika e chikungunya), vão de casa em casa identificar os moradores que ainda não receberam a primeira dose da vacina, incluindo, crianças de 5 a 11 anos. A ação foi proposta pelo subsecretário da Subsecretaria de Atenção Básica, Vigilância e Promoção de Saúde (Subpav), médico infectologista e virologista, Charbell Kury, ao diretor do CCZ, Carlos Morales, que prontamente atendeu ao pedido.
Morales abriu o encontro, agradecendo à Subpav pelas estratégias adotadas para que toda a população possa receber a vacina. O CCZ, segundo ele, possui 240 agentes que visitam diariamente 25 imóveis, cada um. A Subpav elaborou um formulário a ser preenchido pelos profissionais a fim de saber quantas pessoas residem no imóvel, se todas receberam pelo menos a primeira dose da vacina e, se não, por qual motivo.
Antes de apresentar um slide com dados do Gabinete de Crise Covid-19, realizado em 21 de fevereiro, Charbell Kury se solidarizou com as famílias das vítimas de Petrópolis. Aos agentes, o médico disse que eles vão lutar pela vida das pessoas e que o trabalho que irão realizar será de fundamental importância para minimizar os casos e as mortes pela Covid-19.
Ele disse ter esperado muito pelo momento de poder entrar nas casas para o levantamento. “Já sabemos que 16 das 69 pessoas que morreram no município este ano de Covid, até o dia 10 de fevereiro, não tomaram nenhuma dose da vacina. Outras 53 estavam com o esquema vacinal incompleto. Temos hoje em Campos cerca de 30 mil pessoas com 18 anos ou mais não vacinadas e 30 mil crianças na mesma situação. Queremos tentar fazê-los entender que a vacina é segura. Vamos procurar saber também se há pacientes acamados ou com comorbidades que não foram vacinados. Em caso positivo e com consentimento da família, enviaremos uma equipe a casa para a devida imunização”, explicou o médico, ressaltando que o formulário contém ainda outras perguntas como “Você acredita na vacina? Se não acredita, qual é o motivo?”
O coordenador de Imunização da secretaria de Saúde, Leonardo Cordeiro, fez uma explanação da eficácia de cada imunizante disponível nas unidades de saúde. Ele também apresentou o questionário que os agentes irão preencher durante as visitas domiciliares.
A médica psiquiatra Lana Maria Pereira da Silva também participou do encontro, falando sobre os efeitos da pandemia na saúde mental. Segundo ela, os agentes devem estar preparados para encontrar pessoas resistentes à vacina por medo, angústia e precisarão entender que isso é legítimo e trabalhar para tentar reverter esse quadro. “A pandemia tornou o Brasil um dos países mais ansiosos do mundo. As pessoas estão no seu limite e a um passo de explodir”, afirmou.
Durante o encontro, o radialista Wilson Araújo, que teve Covid em junho de 2020, emocionou a todos ao dar seu depoimento. Ele contou que, após 25 dias entubado e com 50% do pulmão comprometido, os médicos chegaram a dizer aos seus familiares que o quadro era irreversível. “Comecei com uma febre e resisti muito em ir ao hospital, apesar da minha família dizer que poderia ser Covid. No dia seguinte à internação, já estava na UTI. Não me lembro de muita coisa, apenas que tive alucinações por causa dos medicamentos. Não desejo a ninguém o que passei. Estou vivo por um milagre. Se conheço alguém que resiste à vacina, procuro convencê-lo do contrário”.
A agente de endemias, Nelma Fidélis do Amaral, ressaltou a importância da ação. “Vou me esforçar para ajudar à Saúde nesse trabalho”, disse ela.