Uma parceria da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Pesca com uma empresa privada está melhorando o ambiente e a qualidade de vida de moradores e trabalhadores de Farol de São Tomé. A ação ainda beneficia os feirantes e clientes das peixarias do Mercado Municipal de Campos. Carcaças, peles e vísceras de peixes e cascas de camarões, que provocavam incômodo com o mau cheiro e, se não descartados corretamente, danos ambientais, agora são recolhidos diariamente por caminhões da Patense, empresa que atua em seis estados e transforma matérias-primas de origem animal em soluções para diferentes segmentos produtivos e para a sociedade. Os resíduos recolhidos em Farol e no Mercado Municipal são transformados em ração animal.
"Hoje, no setor agrícola, é fundamental trabalharmos o conceito da economia circular, em que o desperdício é zero ou o mais próximo disso, e todo material tem um direcionamento final para não haver desperdício de alimentos e de materiais que podem ser reaproveitados. A reciclagem possibilita a produção de muito mais do que alimentos, além de proteger o meio ambiente, garantir mais higiene, segurança sanitária à produção e gerar emprego e renda com o processo de transformação do material que seria descartado", explicou o secretário da pasta, Almy Júnior.
Diretor de Pesca e Aquicultura da secretaria, Eduardo Alves (à direita da foto), o Dadu, detalha a parceria. "Preocupada com o meio ambiente e o bem estar social, a secretaria de Agricultura se uniu à Patense e o desafio é trabalhar a conscientização dos atuantes nas peixarias e donos de frigoríficos sobre a importância de reaproveitar a matéria orgânica (restos de peixe) para uma produção sustentável, neste caso resultando na fabricação de ração animal e na mitigação dos impactos ambientais que seriam causados com o descarte incorreto desse material direto na natureza", contou.
Destinação correta – Gerente de Suprimentos da Patense, Fernando Guimarães informou que o trabalho da empresa é realizado desde 2017 na região, atualmente com o recolhimento de 1 tonelada/dia de resíduos. “Em Campos temos um container no Mercado Municipal, mas as coletas diárias, feitas por caminhões que funcionam como unidades frigoríficas, acontecem há duas semanas no município. A vantagem de nosso trabalho para donos de peixarias e frigoríficos é que todos têm a possibilidade de destinar resíduos de forma limpa e correta, evitando o descarte em lugares inapropriados. Para a sociedade isso também é importante, pois existem casos desse tipo de produto ser descartado, por exemplo, no mar, gerando sujeira e mau odor, além de comprometer a qualidade da água”, explicou.
Dono do Frigorífico do Jaú, em Farol, Manoel Jaú, que já trabalha com a Patense para o descarte do seu pescado, elogia a medida e vê além de benefício ambiental: “Meu frigorífico é todo certificado e qualquer um pode verificar que não há cheiro de peixe incomodando. Isso porque sigo todos os critérios técnicos e sanitários para estocar toda minha produção e o próprio resíduo de peixe, que também tem de ser mantido resfriado, que não pode estragar. Só no meu frigorífico são recolhidas 20 toneladas de resto de peixe por semana e é uma felicidade ver esse trabalho sendo feito em Farol, beneficiando também os pequenos. Além de melhorar o aspecto da praia é uma forma de estimular a regularização dos que ainda não podem, como eu, comercializar seus produtos para escolas, para entidades públicas. É mais desenvolvimento com sustentabilidade para nossa praia e o município”.
Resultado na ponta - Rogério Belmiro toca sua peixaria em Farol de São Tomé há cerca de 10 anos e diz que a coleta dos resíduos está fazendo toda a diferença para o seu negócio: “Antes, a gente armazenava tudo e o caminhão de lixo recolhia. Agora, o material é recolhido duas vezes por dia e o resto do peixe não acumula, fica tudo com jeito de mais limpo, sem aquele cheiro forte. Serventia para eles e para nós também melhora bastante”. Na peixaria vizinha à de Rogério, Ana Maria Fernandes Gomes, há mais de 30 anos no local, também elogia: “É uma ótima oportunidade, porque a gente jogava fora uma coisa que não é lixo, porque vira alimento para animal, vira ração. E, agora, recolhem nas peixarias, nos frigoríficos, e todos gostaram, porque tudo retorna como melhoria para quem vive da pesca e para os que não dispensam peixe e frutos do mar em sua alimentação”.