Diversas modalidades esportivas, desenvolvidas regularmente em um maior número possível de núcleos espalhados pelo município, para pessoas de todas as idades. Assim vem funcionando, em Campos, desde outubro do ano passado, o Esporte Vida, projeto idealizado pelo prefeito Wladimir Garotinho quando deputado federal e viabilizado por meio de emenda parlamentar de sua autoria, resgatada também no último ano. O objetivo é simples: "A ideia é resgatar o esporte como instrumento de transformação de vida, de promoção de saúde, de elo sócio-afetivo da pessoa com sua comunidade, de desenvolvimento físico, psicológico, social e até econômico, se considerarmos a descoberta e apoio a potenciais atletas. Tudo isso depende da democratização do acesso a essas modalidades e, por isso, realizamos o Esporte Vida nos equipamentos da Fundação Municipal de Esportes, como as Vilas Olímpicas, mas também há as praças e quadras esportivas, os campos de futebol, os espaços de outras secretarias, para colocar o programa ao alcance de pessoas de 4 a 100 anos de idade por todo o município", explica o coordenador geral do programa, Leonardo Mantena.
(Foto: SubCom)
Já são 25 núcleos funcionando com capoeira, jiu-jitsu, futsal, futevôlei, ginástica funcional, hidroginástica, balé e muito mais, beneficiando 7.170 pessoas. O Esporte Vida também resgatou esportes radicais, como skate e surf, e incentiva a criação de escolinhas, como a de Altinha, criada de forma voluntária em Farol de São Tomé pelos atletas Yuri Ribeiro e Heitor Souza, após o torneio da modalidade que encerrou a programação do verão na praia campista. A ideia dos jovens foi abraçada pelo Esporte Vida e já existe a proposta de estender a escolinha para outros núcleos, também na cidade.
Yuri, 23 anos, morador da Vila dos Pescadores, descobriu a Altinha, modalidade esportiva que surgiu nas praias cariocas e já virou patrimônio imaterial do Rio de Janeiro, em meio ao desemprego e uma depressão, já maior de idade.
Eu fazia bico como motoboy e cheguei a ficar sem querer sair de casa. Um dia, vi meu cunhado jogando na praia, comecei a jogar com ele e reconheci uma forma de melhoria de vida pra mim. Passei a correr cedo, a quebrar desafios que a Altinha exigia. Descobri a Altinha depois dos 18 anos e muita coisa mudou na minha vida. Minha equipe venceu um campeonato em Grussaí e, este ano, no torneio do Farol, fomos campeões nas duas modalidades. As crianças viam a gente treinando e pediam pra jogar também. Então, pensamos na escolinha. Farol era abandonado, não tinha esporte pras crianças. Meu sonho é não ver as crianças passando pelo que eu passei, querendo praticar algum esporte e não tendo condições financeiras. A Prefeitura agora está quebrando isso, dando chance para essas crianças acreditarem em um amanhã melhor", contou Yuri, que integra a equipe com os jogadores Heitor, Gabriel e Nathalia Mothé, na categoria mista.
O quarteto se dedica à escolinha que atende inicialmente 30 crianças em Farol, mas que será ampliada e realizada em pontos e horários diferentes na orla. Heitor, do Parque Rosário, apresentou ao coordenador do Esporte Vida a proposta de realizar a Altinha, tipicamente de praia, de areia, também na modalidade Street, em quadras.
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"A gente entendeu que é uma oportunidade para a criançada. Em Farol, além do trabalho de fundamento, fazem também um trabalho de conscientização ambiental. Temos várias atividades do Esporte Vida na Casa de Esportes de Farol e podemos alcançar mais pessoas com esse esporte que basicamente precisa de uma bola, também na área da Aldeia do Sol. Já temos jogadores vivendo da Altinha, que tem atraído cada vez mais adeptos e oferece a chance inclusão social, de descoberta de talentos. Eles plantaram a semente em Farol e estão se organizando. O relacionamento que eles tem como atletas, eles canalizaram para ensinar as crianças. Isso está fazendo bem a Farol", concluiu Mantena.
Altinha - A Altinha é considerada um esporte carioca, declarada patrimônio imaterial da cidade. Democrática, pode ser praticada por pessoas de todas as idades. Hoje, em competições, exige quatro jogadores, com pelo menos uma mulher. O objetivo é não deixar a bola cair no chão, mantê-la sempre no alto, e para isso só as mãos estão proibidas, valendo todo tipo de malabarismo, que contam contam pontos e arrancam exclamações dos espectadores.