A coordenação do Departamento de Educação Especial Inclusiva da Secretaria Municipal de Educação, Ciência e Tecnologia (Seduct) acompanha cerca de 800 crianças com deficiência. O atendimento no setor conta com aprovação de pais e profissionais da rede municipal de ensino. A coordenadora do Departamento, a fonoaudióloga e doutora em Cognição e Linguagem, Carolina Carmo, conta que as ações visam dar apoio às escolas que recebem esses alunos, aos professores das salas de recursos multifuncionais, aos pedagogos e aos professores das salas regulares, oferecendo, também, capacitações para que todo o corpo docente esteja atualizado para atuar com os estudantes.
A rede dispõe de 33 salas de recursos multifuncionais que contam com um professor capacitado na área da inclusão para dar assistência a esses estudantes. Nas escolas que não dispõem de salas de recursos, o suporte é dado para o professor da sala regular e para o pedagogo responsável pela unidade escolar. A Constituição Federal prevê o compromisso do Estado em oferecer o atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, o que vem sendo feito pela rede municipal.
“Para as crianças com necessidades educacionais especiais, é elaborado pela equipe pedagógica o Plano Educacional Individualizado (PEI). Para elaboração do Plano, é feita uma entrevista com os pais para levantar as características dessa criança, quais as dificuldades e suas potencialidades. A gente não pode só pensar no que o estudante não faz. Temos que investigar o que a criança faz de melhor para apostar nessas características individuais que é o ponto forte”, explicou.
Depois dessa acolhida com a família, o professor vai investigar as habilidades individuais da criança de acordo com o que está previsto como habilidades e competências a serem alcançadas para aquela série e vai fazer a adaptação para que ele consiga alcançar o máximo de habilidades possíveis de acordo com a série que ele está. “Essa adaptação curricular está toda no PEI e o professor vai seguir esse currículo adaptado, que é individualizado para aquela criança realizar naquele momento”, continuou Carolina.
Carolina também é mestre em Ciências da Saúde (Saúde da Criança e do Adolescente); especialista em Gestão Educacional em IES e em Linguagem; Certificada em Disciplina Positiva para Sala de Aula - Positive Discipline/CA; tem formação no Método PROMPT (Introductory) - PROMPT Institute/EUA; certificação no Modelo DIR - FLOORTIME (Basic) - Profectum Foundation/EUA; formação em Pragmatic Organization of Dynamic Displays - PODD (Introductory); membro PREAUT – Brasil; e membro La Cause Des Bébés – Brasil.
“Além disso, nem todos os alunos necessitam estar vinculados a uma sala de recursos. Todas as leis relacionadas à educação e inclusão preconizam que crianças com deficiências devem ingressar no ensino regular, na medida do possível, a fim de garantir a interação com os demais alunos. A Resolução Número 4, de 2 de outubro de 2009, institui Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, modalidade Educação Especial”, orientou.
A rede municipal conta com 41 acompanhantes aprovados em concurso de 2014 e eles desempenham a função do cuidador, ou seja, prestam atendimento aos alunos que necessitem de apoio no âmbito da alimentação, higiene, locomoção e atuação em todas as atividades escolares, visando atender suas necessidades básicas (fisiológicas, higiene e afetivas).
A professora Vera Cruz Barboza é mãe do Daniel, 10 anos, que é portador de autismo leve. Ele foi diagnosticado aos 2 anos e frequenta a escola desde os 9 meses. Atualmente, estuda na Escola Municipal José do Patrocínio e está no 5º ano do Ensino Fundamental. Vera conta que o filho teve um desenvolvimento muito melhor depois que passou a frequentar a escola e ter aulas nas salas de recursos. “A vida do Daniel melhorou muito quando ele passou a ter um mediador na sala de aula. A parte cognitiva e o entrosamento com a turma foram extraordinários! Eu tenho o apoio da professora regente da turma e também a tia da sala de recursos que vêm fazendo um trabalho para motivá-lo a frequentar às aulas”, contou Vera.
Professora da sala de recursos, Maria Aparecida Sanches conta que é um trabalho desafiador, pois é necessário, principalmente, ter aceitação, compreensão e atenção às diferenças e às diversidades dos alunos. “Atuar com crianças que apresentam necessidades educacionais especiais requer, além de formação continuada, que o profissional da área desenvolva empatia e sensibilidade. Trabalhamos em parceria com o professor da sala regular desse aluno, ofertando apoio quanto às atividades, orientações no trabalho a ser realizado, conscientizando-o sobre a importância de buscar novas maneiras de atuação para que o aluno avance e seja incluído naturalmente em seu processo de aprendizagem, dentro de suas limitações”, relatou.