Os usuários do Centro de Referência Especializado para Pessoas em Situação de Rua (Centro POP) foram protagonistas do Seminário Municipal da População em Situação de Rua, realizado nesta quarta-feira (21), no auditório da Prefeitura. O acolhido do Manoel Cartucho, Nilton Souza, 51 anos, abriu o evento declamando o poema “Amor”.
“Sonhar não é pecado. Pecado é você desistir dos seus sonhos. Quero dizer para todos que ainda existe esperança e não podemos abandonar o amor”, disse Nilton.
Gilson Fernandes, usuário do Centro POP, 42 anos, recordou suas experiências de vida. Segundo relato, ele tinha uma vida estabilizada e um desentendimento familiar fez a história dele mudar.
“Existem as pessoas que estão passando por um problema e querem sair, aquelas que se acomodaram com a vida e outras que não ligam para nada. Como os três convivem juntos, todos acham que são iguais e não são”, destacou.
Ele falou do preconceito enfrentado nas ruas e o estereótipo que a sociedade escolhe para exercer a solidariedade. “Hoje em dia temos toda estrutura necessária para recomeçar, os abrigos, restaurante, café da manhã. Ficamos abandonados por muitos anos. Não sou daqui, mas desde quando eu cheguei há anos, vi a diferença dessa gestão e da outra”, completou.
“O Centro POP me acolheu e eu precisava de ajuda. Fui me recuperando e recebi todo amor e carinho. Hoje eu posso ajudar a quem precisa. Estou seguindo minha caminhada”, disse Ivan Nogueira, 40 anos, que reside no Lar Cidadão.
Durante sua mediação da mesa “Construindo protagonismo: encontros e reencontros com as pessoas em situação de rua”, a professora Leda Barros, da Universidade Federal Fluminense, falou da legitimidade do Seminário para construção e garantia de direitos. “O tema é extremamente importante para tratarmos as leis. Campos tem uma história antiga nos debates sobre a população de rua. É possível sair da rua, a partir da construção dessas pessoas que estão na rua. Não existem fórmulas mágicas. Que a gente possa trabalhar cada vez mais para garantir direitos e desconstruir preconceitos. Isso não se resolve de uma hora para outra”, concluiu Leda.
Participaram da mesa de debates, a Promotora Maristela Naurath; a coordenadora do Centro POP, Poliana Soares, e a vice-presidente do CIAMP, Camile Nunes.
Na discussão sobre os programas e projetos existentes no município, participaram Rosângela Marvila, representando a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano e Social; Eliane Nunes, representando o Consultório na Rua; Nívea Maria dos Santos, o Fórum de Mulheres Negras; José Maurício, a Organização Juntos Pela Misericórdia; e Paulo Junior, do Conselho Regional de Serviço Social.
A diretora de Proteção Social Especial, Maria Amélia Lopes, enumerou as ações realizadas pelo governo, como o novo espaço do Centro POP e Casa de Passagem com ampliação das vagas; a intensificação das abordagens sociais para identificar os novos usuários e ofertar os atendimentos da rede socioassistencial e a estruturação dos acolhimentos.
O secretário de Desenvolvimento Humano e Social, Rodrigo Carvalho, informa que o projeto Acolhe Campos, que destina vagas de emprego nas concessionárias para a população em situação de rua está em fase de regulamentação e nos próximos meses oficinas serão realizadas para capacitar os usuários para serem inseridos no mercado de trabalho.
O evento contou com a participação da Guarda Civil Municipal e dos alunos da Subsecretaria de Igualdade Racial.