No Dia Nacional da Vacinação, comemorado nesta segunda-feira (17), a baixa cobertura vacinal em crianças e adolescentes em Campos foi o principal assunto na 35ª Reunião do Gabinete de Crise e Combate à Covid-19 e Outras Doenças Emergentes e Reemergentes. Realizada excepcionalmente no formato híbrido, a reunião debateu várias iniciativas que estão em andamento para garantir a vacinação e a proteção à vida de crianças e adolescentes. Apresentou dados de cobertura das vacinas de rotina e de Covid-19, além de apresentar novas propostas, entre as quais está a campanha “Vacinar e Proteger”, que tem como lema: “Não deixe a Pólio paralisar o sonho das nossas crianças”.
A campanha tem como principal objetivo conscientizar e mobilizar os pais e responsáveis para proteger, principalmente as crianças de dois meses a 4 anos, 11 meses e 29 dias contra a Poliomielite que, se o vírus voltar a circular no país, pode provocar uma pandemia de paralisia infantil. Também será atualizada a caderneta de vacinação das adolescentes de até 15 anos completos.
A reunião contou com a participação do secretário de Saúde, Paulo Hirano, o subsecretário Atenção Básica, Vigilância e Promoção da Saúde (Subpav), Rodrigo Carneiro, do assessor técnico da Subpav, Charbell Kury, promotora da 3ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Campos, Maristela Naurath, a defensora pública Nathália Nunes, secretários municipais, vereadores e diversos representantes da sociedade civil organizada, entidades sindicais, denominações religiosas e Forças de Segurança, que terão papel de multiplicadores, seja na conscientização e informação dos locais e ações de vacinação.
“Nós temos que atingir, no geral, 95% da meta da imunização e não chegamos nem a 50%, ou seja, metade das nossas crianças estão vulneráveis. É isso que a população precisa entender. Esse é o grande choque de realidade. As vacinas estão disponíveis, mas os responsáveis por essas crianças não estão levando as mesmas aos postos de saúde. Não estão autorizando a imunização pelo sistema público. Essa não é uma responsabilidade exclusiva do poder público, mas de toda a sociedade”, disse o secretário de Saúde Paulo Hirano.
O secretário disse ainda que o município está oferecendo todas as alternativas aos pais e responsáveis para que levem os seus filhos para que sejam vacinados e fiquem protegidos para que não ocorra um desfecho pior que é o óbito. “Quando não mata, a criança acometida por essa doença fica com sequelas irreversíveis”, completou Hirano, que liderou o clamor pela vacinação.
Maristela Naurath, representante do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) em Campos, disse que a situação é preocupante em todo do Estado e que é extremamente importante esse movimento de Campos está fazendo porque ao seu entorno existem diversos municípios em situação bem complicada. “Nós estamos reféns da participação de toda a população para vacinar os seus filhos. Eu entendo que o município está tomando as devidas providências, ou seja, está realizando a busca ativa, oferecendo as vacinas, está fazendo essa conscientização, colocando nas mídias. Então, o que eu posso pedir nessa reunião é para que a sociedade civil também participe junto com o município dessa campanha. É extremamente importante que toda a sociedade campista se movimente para que a gente possa fazer com que as nossas crianças estejam imunizadas. Não terá resultado se todos nós não participarmos, estou me incluindo aqui na sociedade. É muito importante que as igrejas, os clubes, as associações ligadas ao comércio, as escolas públicas e privadas, que todo mundo participe desse movimento, porque a situação é muito preocupante”, disse.
A defensora Nathália Nunes afirmou que quando a conscientização não funciona, entra o papel, citando o artigo 14 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que “Estabelece que é obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias. Então, qualquer agente público, qualquer pessoa, direção da escola, ao constar que a carteira de vacinação não está atualizada, tem o dever de comunicar ao Conselho Tutelar, para que o órgão possa acompanhar esses casos, porque na verdade, não é só uma questão de conscientização, mas uma obrigação também dos pais”, disse a defensora.
Entre as propostas para alcançar maior número de crianças vacinadas estão a extensão da Busca Ativa para as escolas da rede privada já a partir desta segunda-feira. A iniciativa é realizada nas escolas da rede municipal através de parceria com a Secretaria de Educação, Ciência e Tecnologia, por meio do Programa Saúde na Escola (PSE).
Também foi criança uma Força-tarefa de Multivacinação nas Unidades Básicas de Saúde da Família (UBS’s) do IPS e Parque Aurora no dia 22. Já na Penha e Parque Imperial será no dia 22. A Secretaria de Saúde também irá capacitar os profissionais das Forças de Segurança e disponibilizar as vacinas para imunização dos filhos e dependentes destes profissionais e a irá realizar um novo “Dia D” em novembro.
Também a partir desta segunda-feira, a vacinação de rotina está disponível em 39 postos de vacinação, sendo que na Clínica da Criança e na Unidade Pré-Hospitalar (UPH) Saldanha Marinha, a aplicação ocorrerá até as 20h. Já no final de semana esses dois postos atenderão de 8h às 17h. Os outros 37 postos aplicam as vacinas de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 16h.
Além das 65 pessoas que acompanharam a reunião no forma virtual, todos os representantes da sociedade civil organizada presentes no auditório do Centro Administrativo José Alves de Azevedo (CAJAA), como Câmara Dirigentes Lojistas (CDL/Campos), Comerciantes e Amigos da Rua João Pessoa e Adjacências (Carjopa), Diocese de Campos, Pastoral da Saúde, Comunidade Aliança Eterna, Corpo de Bombeiros Militar, Associação Evangélica de Campos; Secretarias de Governo e Educação, Ciência e Tecnologia, Rotary Club, Lions Club, Câmara de Vereadores, se comprometeram com a campanha e as ações do município em prol da proteção das crianças e adolescentes.