O mês de dezembro é referência na luta contra as Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs): sífilis, hepatites B e C, entre outras doenças relacionadas e no combate ao HIV/Aids, tendo como ponto alto este dia 1º, em que se celebra o Dia Mundial de Prevenção à Aids. O período é considerado importante para reforçar a necessidade da prevenção da infecção pelo HIV e do combate ao vírus causador da imunodeficiência humana, bem como para promover ações que impulsionam uma melhor assistência à saúde e a garantia de direitos a todos os pacientes.
Instituída pela Lei nº 13.504/2017, a Campanha Nacional de Prevenção ao HIV/AIDS e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis é importante para alertar a população sobre as doenças transmissíveis por via sexual, onde o grande destaque é a infecção pelo HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana), um retrovírus que, ao infectar um indivíduo, ataca o seu sistema imunológico e o deixa suscetível a infecções oportunistas, sendo a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids) uma complicação pós infecção.
Segundo informou o subsecretário de Atenção Básica, Vigilância e Promoção da Saúde (Subpav), infectologista Rodrigo Carneiro, em termos de saúde pública, a Aids ainda ocupa um papel importante no Brasil, mesmo com o desenvolvimento da terapia antirretroviral, popularmente conhecido como coquetel, que consegue controlar a infecção.
No país, de acordo com o médico, estima-se aproximadamente um milhão de pessoas vivendo com HIV, dessas, em torno de 700 mil têm esse conhecimento, no entanto, cerca de 300 mil brasileiros vivem com a infecção e não sabem. “Daí a importância da realização dos testes de triagem para detecção de HIV e outras doenças transmissíveis como: hepatite B, hepatite C e sífilis”, informou.
A hepatite é uma inflamação do fígado que pode ser causada por vírus ou pelo uso de alguns medicamentos, álcool e outras drogas, assim como por doenças autoimunes, metabólicas ou genéticas. No Brasil, as hepatites virais mais comuns são as do tipo A, B e C. O diagnóstico precoce favorece o início do tratamento, acessível a todos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Já a sífilis é causada pela bactéria Treponema pallidum e apresenta três estágios: primária, secundária ou latente e terciária. A primeira fase é caracterizada por uma ferida única e indolor, com bordas bem definidas e endurecidas. A secundária inicia-se após a cicatrização da úlcera – normalmente a lesão cicatriza sem nenhum tipo de intervenção. Já a última fase é caracterizada por destruição tecidual e pode afetar os sistemas cardiovascular, nervoso e ósseo.
Em Campos, o Centro de Doenças Infecto-Parasitárias (CDIP), vinculado à Secretaria Municipal de Saúde e que funciona na Rua Conselheiro Otaviano, 241, Centro, das 7h às 18h, presta serviços aos munícipes com distribuição de preservativos, palestras educativas, quando solicitado e profissionais capacitados para realização de testes rápidos para o diagnóstico das ISTs. A testagem também é feita nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs).
Carneiro explica que pessoas que tenham um grande número de parceiros sexuais ou que se exponham a comportamentos de risco como: profissionais de saúde ou do sexo, além de usuários de drogas injetáveis, têm maiores chances de contaminação por HIV ou outras doenças transmissíveis. “É importante que, principalmente esse grupo, faça periodicamente os testes de triagem na tentativa de detectação e tratamento precoce da infeção, o que vai melhorar o prognóstico das doenças”, orientou.
Rodrigo esclarece que a principal causa de morbidade e mortalidade das IST’s é o diagnóstico tardio, onde o paciente, quando busca uma unidade hospitalar, já chega com um quadro agravado pelas infecções. “Então, a grande importância dessa campanha (Dezembro Vermelho) é informar a população para que os diagnósticos sejam feitos de maneira precoce e, com isso, a gente possa iniciar a intervenção terapêutica, o que vai permitir que a pessoa tenha uma vida absolutamente normal”.
O CDIP tem atualmente cerca de 10 mil pacientes cadastrados, sendo 5 mil portadores do vírus HIV. Deste total, apenas 3 mil continuam em tratamento ambulatorial e os demais em abandono, tendo deixado de retirar os antirretrovirais.
Conforme levantamento do CDIP, entre os meses de janeiro e novembro de 2022 foram diagnosticados 239 novos casos de HIV. Já no ano passado foram 225 casos.
PAPEL DO SUS – O Sistema Único de Saúde é fundamental na disponibilização do diagnóstico, por meio da testagem rápida e do tratamento para a infecção pelo HIV. “O paciente pode retirar os remédios para HIV e hepatites e os antibióticos para sífilis na rede pública e fazer um acompanhamento especializado no CDIP, onde há infectologistas e infectologistas pediátricos que fazem o diagnóstico, tratamento e acompanhamento dessas pessoas”, esclareceu o médico acrescentando, também, “devido ao avanço das medicações, temos pessoas que conseguem viver com o vírus e não manifestam a doença Aids”.