A Prefeitura de Campos segue intensificando as ações da campanha Dezembro Vermelho, mês de luta contra a AIDS. Nesta quarta-feira (13), a Subsecretaria de Igualdade Racial e Direitos Humanos, vinculada à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano e Social, promoveu uma série de discussões sobre prevenção ao HIV, Aids e Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). O evento aconteceu no auditório da subsecretaria e contou com a participação de servidores, estudantes e profissionais da saúde. O psicólogo e ativista vivendo com HIV, Salvador Corrêa, participou da roda de conversa e falou sobre sua vivência e dos métodos de prevenção. A enfermeira Célida Luna, que é especialista em saúde coletiva, também esteve presente para falar de prevenção e tratamento.
O principal objetivo da roda de conversa foi promover o acesso ao teste, principalmente para a população preta, jovem e LGBTQIA+. Com isso, fazer com que mais pessoas conheçam o status sorológico para que, em caso de resultado positivo, o indivíduo seja direcionado para o tratamento imediato. Durante o evento, os profissionais também falaram da importância do uso do preservativo, demonstrando técnicas para o uso eficaz da camisinha.
"A importância de discutir sobre o Dezembro Vermelho é levar mais informação para a sociedade e para o público que a gente atende, que é o público preto, que ainda tem pouco acesso aos dispositivos de saúde. O que a gente quer fazer é disseminar a informação, com distribuição de preservativos, apresentação dos equipamentos de saúde existentes na cidade e qual é a melhor forma de tratamento", disse Erica Gomes, chefe de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais, da Subsecretaria de Igualdade Racial e Direitos Humanos.
Em Campos são abertos, em média, 25 novos portuários ao mês, chegando a totalizar 250 prontuários para HIV por ano. Esse ano, já são somam 239 casos positivos. No ano passado foram registrados 225 casos de HIV positivos. Os pacientes com resultados positivos para HIV este ano em sua maioria foram homens (68%) com idade entre 18 e 39 anos, entretanto esse diagnóstico varia em todas as faixas etárias.
Para a enfermeira sanitarista Célida Luna, que tem cerca de 40 anos de experiência na área, nunca é demais falar sobre HIV/AIDS, principalmente para desestigmatizar a doença. "Está na hora da gente falar e pensar sobre o assunto. A medida que falamos, quebramos estigmas e preconceitos. Hoje, a gente tem população de ruas e pessoas encarceradas por causa do racismo estrutural. São essas pessoas que adoecem e que não tem acesso ao tratamento. A importância de estarmos aqui hoje é muito grande, porque estamos lidando com as pessoas mais jovens. Isso me dá esperança de que vamos conseguir mudar o pensamento de muita gente em relação ao preconceito. Precisamos sempre falar, discutir e problematizar o HIV", disse a enfermeira.
Vivendo com o HIV há 11 anos, o psicólogo Salvador Corrêa é ativista e se tornou uma referência nacional. Para ele, superar a discriminação às vezes pode ser mais difícil que lidar com o HIV. "Ter participado do debate foi fundamental para a gente construir uma sociedade mais alinhada sobre a prevenção ao HIV/AIDS. Superar o estigma é fundamental, principalmente para a população negra que é a mais afetada, sendo a que mais se infecta e mais morre por AIDS e a que menos tem acesso a prevenção. Isso precisa mudar", afirma.
A estudante de psicologia e estagiária da SIRDH, Giulia Pacheco, participou da roda de conversa e parabenizou a iniciativa. " Eu gostei muito de ter participado, porque eu também estou nas comunidades. Lá, os índices também são enormes. Quando você faz o recorte, você vê que são homens, mulheres e adolescentes pretos que estão morrendo pela doença. Esse evento foi necessário porque foi possível a gente explicitar as informações e depois levar para essas pessoas", considerou.
Para Jorge de Assis, Gerente de Promoção e Defesa da SIRDH, o debate em torno de Dezembro Vermelho serviu para combater o preconceito, porque boa parte da população vítima do HIV/AIDS faz parte da comunidade afro-brasileira. Muitas vezes o preconceito é de cunho ideológico. E esse preconceito mata. É importante conscientizar todos aqueles que atuam na promoção de políticas públicas para intervir no sentido de fazer com que essas pessoas tenham uma condição de vida melhor", pontou.
TESTAGEM
Em Campos, o Centro de Doenças Infecto-Parasitárias (CDIP), vinculado à Secretaria Municipal de Saúde e que funciona na Rua Conselheiro Otaviano, 241, Centro, das 7h às 18h, presta serviços aos munícipes com distribuição de preservativos, palestras educativas, quando solicitado e profissionais capacitados para realização de testes rápidos para o diagnóstico das ISTs. A testagem também é feita nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs).