Os alunos da Escola Municipal Fazenda Aleluia, na localidade de Morangaba, no Imbé, conheceram um pouco mais da fauna e flora da região através da Feira de Ciências realizada nesta quarta-feira (24), na unidade escolar, pela Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf). Eles conheceram insetos e abelhas nativas (projeto Ecologia de Abelhas), sementes, frutos e plantas nativas (projeto Herbário) e, ainda, amostras de troncos de árvores das regiões Norte e Noroeste Fluminense (projeto Xiloteca).
A diretora da escola, Danielle Machado Braga, contou que existe uma parceria da Uenf com a comunidade quilombola da região. “Aqui é um reduto dos quilombos ABC, Aleluia, Batatal e Cambucá e hoje eles trouxeram esse projeto para apresentar à comunidade escolar, pois, as escolas dessas localidades também estarão aqui para conhecer o trabalho desenvolvido na universidade com materiais da nossa região como a Xiloteca e o Herbário que falam das plantas, da mata e da vegetação da região”, conta a diretora.
Bolsista da Universidade Aberta do projeto Ecologia de Abelhas e Polinização, Juliana Parente Ribeiro, falou da importância do trabalho desenvolvido com o inseto. “Elas são os principais polinizadores, importante para produção de alimentos e conservação de florestas. Essa conscientização é importante pois a comunidade está próximo à região do Parque Estadual do Desengano”, conta Juliana.
A Doutora em Entomologia, Professora e Pesquisadora do Laboratório de Ciências Ambientais da Uenf, Maria Cristina Gaglianone, explicou que seu projeto na feira foi desenvolvido através da exposição de material sobre abelhas e polinização.
“Nosso objetivo é divulgar o papel das abelhas nativas na produção de alimentos e na composição da biodiversidade contribuindo para a preservação desses insetos. Nosso projeto atua divulgando nossas pesquisas em áreas de Mata Atlântica e também em áreas urbanas e agrícolas. Temos trabalhado em parceria com o Horto Municipal onde está instalado um hotel de abelhas onde recebemos alunos e pessoas interessadas através de agendamentos. Nosso próximo evento no horto será no dia 05 de junho. Sempre que possível atendemos as escolas, quando somos chamados. Esse foi o caso do evento desta quarta-feira na Escola Aleluia”, concluiu.
Para o chefe do Laboratório de Ciências Ambientais e curador do Herbário da Uenf, professor Marcelo Trindade Nascimento, as feiras de Ciências apresentam um papel de extrema importância, principalmente para os jovens e crianças, por possibilitarem aos alunos vivenciarem aspectos que no dia-a-dia eles não têm muito contato.
“Sem dúvida alguma, em geral, eles passam a ter uma curiosidade para determinados assuntos e isso é um estímulo para que alguns até decidam pela área da pesquisa e da Ciência. Eu acho que é uma forma interessante de a gente também poder passar para a comunidade e os alunos o que estamos fazendo na academia e nas universidades. É uma forma deles terem ideia de alguns trabalhos desenvolvidos e, sem dúvida, matar a curiosidade ou estimular a buscar mais informações sobre o tema que está sendo proposto na feira. No nosso caso, a gente leva muito o tema da biodiversidade e da importância da conservação no nosso dia-a-dia, visto que a biodiversidade é responsável por vários serviços ambientais e ecológicos importantes como a manutenção hídrica, ou seja, a água que bebemos, ela vem e é disponível em alguns ambientes justamente por termos regiões como solos protegidos, florestas próximas em que o olho de água e as nascentes estão bem protegidos, isso auxilia também a biodiversidade de florestas nas beiras dos rios e também na redução de erosão que afeta os rios fazendo com que fiquem mais rasos. E comunidades tradicionais como a que essa escola atende que é a do quilombo Aleluia é muito interessante porque eles têm uma relação mais forte com a fauna e a flora da região. São da área rural e em geral tem mais contato com a natureza que os estudantes da área urbana. Isso é muito importante porque eles contribuem passando informações e a gente acaba aprendendo. Então, esses eventos são importantes porque tem troca de informações, ideias e sempre desperta a curiosidade", diz o professor.
PROJETOS DA UENF DESENVOLVIDOS NA FEIRA DE CIÊNCIAS:
A Xiloteca Dra. Cecília Gonçalves Costa, da Uenf, fornece subsídios para pesquisa, ensino e extensão, com acervo de referência para diferentes fitofisionomias da Mata Atlântica, divulgação científica e realização de oficinas nas redes de ensino. A coleção de madeiras catalogadas encerrou o ano de 2022 com 800 amostras, armazenadas na forma de blocos, discos ou amostras.
Herbário é uma coleção científica, composta por amostras de plantas secas, provenientes de diferentes ecossistemas, servindo como registro e referência sobre a vegetação e flora de uma determinada região. A formação de herbários iniciou-se no século XVI na Itália, como coleções de plantas secas e costuradas em papel.
Já o Grupo de Pesquisa e Extensão em Ecologia de Abelhas e Polinização conta com uma equipe composta de pesquisadores, pós-graduandos, graduandos e extensionistas. Ao longo dos anos, foi construída uma coleção entomológica centrada nos polinizadores e abrangendo diferentes ecossistemas e áreas agrícolas, principalmente nas regiões norte e noroeste do estado do Rio de Janeiro, sudeste de Minas Gerais e sul do Espírito Santo.