Alunos da rede municipal de ensino fizeram a primeira apresentação da Escola de Práticas Artísticas (EPA) no ano de 2023 nesta semana, no Teatro de Bolso Procópio Ferreira. Com entrada gratuita, eles apresentaram o espetáculo Carolina Maria de Jesus: para além do olhar, que conta a história de uma mulher guerreira, transformada através do poder da leitura e escrita. As sessões aconteceram em dois horários, na quarta-feira (31) e terça-feira (30).
O espetáculo conta com texto de Neide Brasil e trata de temas como a importância da educação, desigualdade social, racismo e empoderamento feminino. Tem direção artística da animadora cultural da rede municipal de ensino, Fernanda Barbosa, coreografias de Fatima Estefan e musicalização de Marcelo Miranda. A coordenadora artística do Teatro de Bolso, Neusinha da Hora, falou sobre a importância da arte na vida dos estudantes.
“Sou oriunda da escola pública e minha vida artística começou com o projeto Teatro na Escola da Associação Regional do Teatro Amador (ARTA). De lá, eu atravessava os muros do colégio para a vida. Hoje, como coordenadora do Teatro de Bolso, só posso incentivar a arte, pois ela é transformadora. Essa turma está trabalhando com uma autora que estava à margem da sociedade e catava todos os livros que ela encontrava no lixão. Eles não serviam para outras pessoas, mas serviam para ela alimentar seus sonhos e transformar sua própria vida. Com esse projeto da EPA, eles estão trabalhando o conhecimento, a educação, a socialização, enfim. Mesmo as crianças da plateia passam a ter outra visão de mundo, da importância do trabalho social, do respeito e valorização a partir do momento que assistem a esse espetáculo”, destacou Neuzinha.
Luiza Rosa Gomes, do 6º ano de escolaridade, atua na EPA há seis anos e entusiasmou outras crianças com sua atuação. “É muito importante estar fazendo Carolina Maria de Jesus. Foi muito bom conhecer a história dessa escritora negra e poder compartilhar seu exemplo de vida para outras pessoas através do teatro”, comentou.
A aluna Eloíza Baltazar Fagundes falou da sua experiência. “Eu gostei muito da apresentação, a gente pode aprender mais sobre vários assuntos, achei que o teatro deixa a gente bem inspirado, mostrou que podemos ser o que quisermos quando crescer. Aprendi que não tem diferença entre as pessoas ricas e pobres”.
A professora Dayse Nunes de Souza Andrade afirmou que o teatro ajuda a melhorar o processo de ensino-aprendizagem. “Quero agradecer às pessoas envolvidas nesse projeto e por levarem cultura para as crianças. Às vezes, uma aula fora da sala enriquece muito mais que caderno, folha e quadro. Eles saem com uma bagagem maravilhosa. A peça foi linda e a possibilidade de estarmos aqui foi de muita valia. Que grandeza! Que continuemos proporcionando a outras crianças essa possibilidade, porque todos merecem ver o que assistimos hoje”, disse.
A EPA é um projeto do Departamento de Animação Cultural da Secretaria Municipal de Educação, Ciência e Tecnologia (Seduct) em parceria com a Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima (FCJOL). Oferece atividades de teatro, dança, maquiagem artística e musicalização. O objetivo é possibilitar aos alunos um maior conhecimento em arte, o desenvolvimento da comunicação, criatividade, autoconfiança, relacionamento em grupo, entre outros valores importantes para reflexão do olhar sobre o mundo.
De acordo com o coordenador do Departamento de Animação Cultural e Bandas de Fanfarras, Edilson Cruz, o polo 2 da EPA foi inaugurado recentemente no Ciep Arnaldo Rosa Viana, no Parque Aurora, e está contemplando alunos que residem na região do IPS, Parque Rosário, Parque Aurora, Capão, Turfe, Alphaville, Veredas, Jóquei, entre outros bairros. “O novo polo está atendendo 40 alunos de manhã e 40 à tarde, totalizando 80 estudantes. Já o polo 1 funciona no próprio Teatro de Bolso e beneficia cerca de 60 crianças e adolescentes”, afirmou.