Nesta segunda-feira (19) é celebrado o Dia Mundial de Conscientização sobre a Doença Falciforme, data instituída pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para chamar a atenção da população para esta patologia genética, que é um dos maiores problemas de saúde pública da atualidade. Em Campos, cerca de 500 pessoas são assistidas pelo Programa Integrado de Assistência a Pessoas com Doença Falciforme e outras Hemoglobinas.
A diretora do Hemocentro Regional de Campos (HRC), a hematologista Sandra Chalhub, explica que a enfermidade provoca alteração nas hemácias, que deixam de ter a forma arredondada e adquirem o formato de uma “foice”, dificultando a circulação e a chegada do oxigênio aos tecidos. Alguns sintomas comuns da doença são: anemia; trombose; infecções recorrentes; dor óssea e articular; Síndrome Torácica Aguda (STA); comprometimento das funções renais e cardíacas; osteomielite, entre outros problemas.
As estimativas da OMS apontam que mais de 300 milhões de pessoas são portadoras da doença falciforme. Além disso, a cada ano surgem cerca de 3 mil novos casos da patologia e 180 mil novos portadores do traço, ou seja, pessoas que não apresentam sintomas, mas possuem a Hemoglobina S (traço falciforme). “É uma doença genética e hereditária. No Brasil, a patologia é a hemoglobinopatia mais frequente”, destaca.
As hemoglobinopatias constituem um grupo de doenças de origem genética, em que mutações nos genes que codificam a hemoglobina levam a alterações na sua produção. Chalhub pontua que a doença falciforme não tem cura e pode provocar o comprometimento das principais funções do organismo, caso o portador não receba a assistência adequada. Ela cita que o diagnóstico precoce é feito na triagem neonatal com a realização do Teste do Pezinho.
“A doença falciforme já começa a manifestar os sintomas nos primeiros seis meses de vida. No Brasil, desde 2001, já foi implementado no Programa Nacional de Triagem Neonatal, a pesquisa de hemoglobinopatias, através do Teste do Pezinho. Dessa forma, você tem o diagnóstico precoce e já pode fazer um tratamento preventivo e reduzir e muito as complicações e óbitos”, ressaltou a médica, informando que, a condição de cura para a enfermidade é o transplante de medula óssea ou a Terapia Gênica (tratamento que introduz no organismo genes saudáveis – chamados de terapêuticos ou de interesse – para substituir, modificar ou suplementar genes inativos ou disfuncionais que causem algum problema de saúde).
PROGRAMA MUNICIPAL – O programa de Anemia Falciforme funciona no Centro de Saúde de Guarus, localizado na Avenida Deputado Bartolomeu Lizandro, 1100, Parque Santo Antônio, das 8h às 17h. O serviço, que é por livre demanda e agendamento prévio, conta com uma equipe multidisciplinar, composta por hematologista, pediatra, enfermeira e assistente social.
Além de Campos, o programa atende pacientes de toda região Norte, Noroeste e Lagos. “O programa atende pacientes com faixa etária livre, sendo estes referenciados por toda a rede, seja pelas Unidades Básicas de Saúde, hospitais, ou pelo CRTCA I. Havendo a especificação contendo a necessidade de acompanhamento, o paciente já é inserido no programa para realizar seu tratamento com toda a equipe. Como se trata de uma patologia que não possui cura e pode provocar muitos comprometimentos fisiológicos, a realização do acompanhamento no programa garante um tratamento adequado das crises e realização de práticas e medidas para sua prevenção, promovendo então uma melhor qualidade de vida para o portador”, disse a diretora de Programas, Francielle de Oliveira Lima.