Frutas, legumes, verduras da agroecologia (produzidos livres de agrotóxicos), doces caseiros, compotas, temperos, bolos de coco, de milho, pães, tapioca recheada com calabresa, com queijo, tudo processado manualmente nas propriedades dos agricultores familiares e vendidos na cidade com preços mais em conta porque é comercializado diretamente pelas próprias famílias produtoras no campo. Essa é a realidade da Feira da Agricultura Familiar que neste sábado (1º) esteve presente e continua novamente neste domingo (2) na Praça do Jardim Flamboyant, bairro situado entre os bairros do Turf Clube e Califórnia. Ao todo, a Feira contempla 50 expositores da agricultura familiar em tendas cedidas pela Secretaria de Agricultura, Pecuária e Pesca.
- A iniciativa da Secretaria de Agricultura em estender a Feira para outros bairros amplia a renda dos produtores, contempla os moradores com produtos mais saudáveis e promove a interação entre famílias de agricultores de assentamentos de diferentes regiões do município, e promove também a integração do homem do campo com habitantes da cidade, com ganho na troca de saberes”, avalia a Coordenadora da FAS (Feira Agroecológica Solidária Sabores e Saberes de Campos), Érica Belo Gomes Martins. Érica enfatiza ainda a importância da Feira para fortalecer a renda que dá subsistência às comunidades que produzem nos pré-assentamentos, como o caso do Cícero Guedes e Osiel Alves II. Também comercializam seus artesanatos o Grupo AgroArte, que integra a Associação Cultural dos Povos das Águas do Campos e da Cidade (Acupacc) formado por esposas e familiares de pescadores.
“Quando iniciamos a Feira tínhamos apenas 15 agricultores cadastrados. Hoje são cadastrados 120 artesãos, 25 agricultores e 10 da gastronomia. Temos aqui neste sábado e domingo (02) 50 expositores, sendo 30 artesãos, 10 agricultores com produtos in natura e 10 com a gastronomia com alimentos processados a partir da própria produção no campo. Tudo é muito bem organizado para facilitar o público identificar qual setor estão os produtos de seu interesse. Estamos com agricultores dos Assentamentos Osiel Alves I, da região do Imbé (Cambucá), dos Pré-Assentamentos Cícero Guedes e Osiel Alves II e também dos Assentamentos Zumbi dos Palmares, Dandara e Josué de Castro”, identificou Erica Gomes.
Jovens da nova geração de agricultores participam da Feira da Agroecologia - O agricultor Carlos Daniel Cerqueira, do Assentamento Josué de Castor tem 23 anos e incentiva a noiva, Ingrid Alves dos Santos a integrar a feira.
Foto: Jualmir Delfino / Divulgação
“A Feira é uma boa oportunidade para a gente porque obtemos melhor lucro vendendo direto para os consumidores aqui na cidade. Estou participando há quatro meses e estou gostando bastante. Nós produzimos frutas como laranja, limão, goiaba, abacaxi, e hortaliças e vendemos aqui. Gosto porque a gente conhece agricultores de outras localidades e fazemos amizades com pessoas aqui da cidade. Aprendemos com os técnicos da Secretaria e da Emater aproveitar as frutas amassadas e menores que antes eram desperdiçadas. Agora processamos e fazemos doces em compotas, geleias, biscoitos e bolos de banana e de coco por exemplo”, relatou Carlos Daniel.
A namorada de Carlos, Ingrid Alves dos Santos, falou que participou pela primeira vez da Feira “para conhecer de perto”. “Gostei muito de ver de perto. Gostei tanto que vou voltar aqui com meu namorado e falar com meu pai sobre as vantagens da Feira”, falou a jovem visitante.
Escambo na feira - A agricultora Sandra Miranda comemorou o fato de esgotar o estoque que trouxe do Josué de Castro para vender. “Estou participando da Feira há quatro anos e considero muito bom participar. Aqui a gente vende nossa produção, consegue a renda para nossa família e fazemos a troca entre nós dos produtos que não produzimos. Por exemplo: Se eu não tenho quiabo, eu troco o nhoque de aipim por quiabo. O outro não tem tomate, ele apanha meu tomate e me dá banana prata porque eu produzo banana figo. A feia é boa pra todo mundo”, pontuou Sandra.
A artesã Inês Ribeiro iniciou na Feira há três meses com artesanato tradicional, mas identificou novo nicho e diversifica sua produção.
Foto: Jualmir Delfino / Divulgação
“Hoje por exemplo eu trouxe itens do vestuário trabalhados com o artesanato feito com diferentes técnicas, como a tintura das peças em tecidos com as técnicas da pintura com gel, com gelo, com sal, com a técnica do tibério, ou tie die. Os resultados em Campos é melhor que grandes feira que participei em outras cidades grandes. Considero muito importante esse apoio que o poder público em Campos dá aos artesãos porque lutar sozinho para conquistar esse espaço ficaria muito difícil”, analisa Inês Ribeiro.
No setor de gastronomia o padeiro Carlos Augusto Alves relatou que ficou desempregado no efeito da Pandemia e estavam em dificuldades. Ele relatou que tomou conhecimento da oportunidade dada na Feira e há um mês decidiu testar. “Eu sou padeiro há 20 anos e estava desempregado. Comecei a produzir alguns biscoitos caseiros e trouxe para testar. São produtos naturais, de produção artesanal, com coco, goiabada, milho e deu muito certo. Hoje tenho na Feira minha renda principal porque quem compra gosta, volta para comprar novamente e leva para presentear amigos e familiares”.
Foto: Jualmir Delfino / Divulgação
Ana Lúcia Nascimento põe em prática o conhecimento que trouxe de Alagoas para produzir linguiça calabresa, queijo e mescla sabores na tapioca feita na hora. O quitute mata a fome a aguça o pecado da gula, porque é impossível se contentar em comer uma tapioca só conforme atestam os clientes fiéis. “As pessoas gostam muito dos pastéis com queijo e goiabada e também da tapioca recheada com queijo, com franco ou com calabresa. Hoje fiquei devendo a tapioca para algumas pessoas porque minha farinha de tapioca acabou”, lamentou, mas satisfeita a Ana Lúcia, membro da Coletiva de Mulheres do Assentamento Zumbi dos Palmares II.