Representantes da Articulação da Educação Escolar Quilombola, da Educação de Jovens e adultos (EJA) e da Educação do Campo da Secretaria Municipal de Educação, Ciência e Tecnologia (Seduct) se reuniram, nesta semana, com a Coordenação Nacional Quilombola (Conaq) e com a liderança Quilombola do Imbé. O encontro aconteceu no Museu de Campos na quinta-feira (19).
A reunião representa mais uma etapa do processo de implantação da política de educação quilombola na rede municipal de ensino. Eles falaram sobre as ações de formação e o planejamento da ação política da modalidade em regime de colaboração conforme preconiza o Parecer e Resolução das Diretrizes Curriculares da Educação Escolar Quilombola.
Participaram a professora de Suporte Pedagógico da EJA, Dirleia Lugão; os responsáveis pelas Políticas de Educação do Campo e Educação Escolar Quilombola, Marcelo Vianna e Diego Santos; Paulo Honorato, presidente do sindicato e representante dos quilombos de Aleluia, Batatal e Cambucá; e Lucimara Muniz, representante do Conaq.
A Secretaria de Educação, Ciência e Tecnologia, em conjunto com a Universidade Federal Fluminense (UFF), está promovendo encontros de Formação Continuada em Serviço para educadores e gestores que atuam nas unidades escolares em áreas remanescentes de quilombos. O trabalho é desenvolvido com apoio da coordenadora do Núcleo de Pesquisa em Infância e Juventude da UFF, Beatriz Corsino.
De acordo com os responsáveis pelas Políticas de Educação do Campo e Educação Escolar Quilombola, Marcelo Vianna e Diego Santos, os encontros de formação terminam em novembro. "E em dezembro acontecerá a culminância juntamente com as lideranças e comunidades escolares mobilizadas pelas respectivas unidades", disse Marcelo.
Marcelo atua no projeto pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da UFRJ (IPPUR/UFRJ). Já Diego, pelo Programa de Pós-Graduação em Filosofia (PPGFil/UERJ).
"O objetivo é que profissionais da educação conheçam os princípios de organização curricular e a operacionalização da Política Nacional em regime de colaboração com Estados e Municípios. Essas políticas de educação diferenciada são frutos de reivindicações históricas de grupos invisibilizados e subalternizados", informou Marcelo.
Segundo Diego, a ação se organiza a partir de princípios de ancestralidade, oralidades, memória, saberes e tecnologias tradicionais em seus modos de vida. Para tanto, não só o currículo e a merenda são diferenciados, ou seja, pautados na cultura e na vivência da comunidade.
“O objetivo da Política é valorizar e potenciar as vivências e tradições das comunidades e fortalecer o modo próprio de produção e processos de trabalho no sentido de seu próprio etnodesenvolvimento. Queremos que os estudantes possam valorizar suas próprias histórias e culturas, que tenham orgulho de serem eles mesmos apesar do mundo fazer-lhes força contrária. Por isso, é importante que os profissionais que atuam na Política Educacional Diferenciada sejam, principalmente, pessoas da própria comunidade ou inteiramente envolvidas e posicionadas com ela”, explicou Diego.
No município, a região do Imbé é a que concentra o maior número de escolas com características quilombolas, contando com 5 unidades em atividade. As escolas municipais que fazem parte da política, ou seja, não restrita à dimensão geográfica, acompanhando os quilombolas em seus movimentos territoriais são: E.M. Fazenda Aleluia; E.M. Fazenda Chalita; E.M. Maria Antônia Pessanha Trindade, em Dores de Macabu; E.M. Maria Cordeiro Borges, em Rio Preto, Morangaba; E.M. Salvador Benzi, no quilombo de Cambucá; E.M. Conceição do Imbé; E.M; Conselheiro Josino; E.M. Manoel Corrêa Gonçalves, no quilombo do Sossego; E.M. Carlos Chagas, no Assentamento Zumbi dos Palmares; E.M. Etelvira Martins Medeiros, KM 13, Travessão de Campos e E.M. Guiomar Ramos Paes, em Santa Ana, Zumbi dos Palmares.