Com o objetivo de chamar a atenção da população para os cuidados com a saúde mental e emocional, profissionais do Programa de Saúde Mental, vinculado à Secretaria Municipal de Saúde—SMS, realizam duas ações alusivas ao Janeiro Branco. O tema da campanha deste ano, cujo movimento completa 10 anos, é “Janeiro Branco: estimulando o cuidado de si na prevenção à ansiedade e depressão”.
A primeira ação aconteceu nesta sexta-feira (19), no Boulevard Francisco de Paula, no Centro, onde foram realizadas abordagens aos munícipes e panfletagem sobre os serviços disponibilizados pela Rede de Atenção Psicossocial—RAPS. Já no dia 22, a ação acontece no Jardim São Benedito. Lá haverá abordagem e rodas de conversas com profissionais do programa que atuam nas áreas médica, assistencial e de enfermagem.
“Entendemos que a área central da cidade, principalmente no em torno do Pelourinho, é um lugar de maior trânsito de pessoas, do público que buscamos alcançar, como idosos, portadores de transtornos que não sustentam ficar em suas casas e buscam ficar perto de endereços de antigos locais trabalho, sempre nesse movimento de saírem pela manhã e voltarem para casa ao final do dia, até mesmo como uma forma de se manterem vivos, por não suportarem uma aposentadoria ou afastamento do tralhado”, explica assessora chefe da Programa de Saúde Mental.
Cristiane ressalta que o tema da saúde mental ainda tem um estigma muito grande na sociedade. “Precisamos pensar que é um trabalho contínuo. Durante as abordagens, além de apresentarmos os serviços da RPAS, são feitas provocações e, mediante a demanda apresentada, haverá encaminhamento”, completou.
Orcenira Marques Nogueira, de 74 anos, relatou que recentemente teve que lidar com a depressão. “É muito bom saber onde buscar atendimento. Eu recebo ajuda da agente comunitária de saúde do meu bairro. Como moro sozinha ela me visita quase toda semana e me ajuda muito com essas questões médicas”, disse a aposentada que parabenizou a ação do Programa de Saúde Mental.
Aos 21 anos de idade, Jorge Pereira dos Santos teve que lidar com o uso abusivo do álcool, um transtorno que faz parte da linha de cuidados da rede de saúde mental. “Levei a dependência até os 36 anos quando encontrei ajuda em uma irmandade no Rio de Janeiro e depois ingressei no Alcoólicos Anônimos de onde não saí mais. Hoje ajudo outras pessoas com palestras e reuniões. É muito bom viver a vida com saúde e da forma certa”, celebra aos 70 anos.
A médica e responsável técnica do Programa de Saúde Mental, Laís Falquer explica que no pós-pandemia está sendo observada uma explosão no cenário de depressão e ansiedade, que já eram doenças bem prevalentes; mas, às vezes, até subnotificadas.
“Tem-se falado mais sobre esses quadros, dado mais atenção e tem-se procurado mais ajuda porque a partir do momento que tem informação você consegue identificar melhor esses casos, procurar e ter essa ajuda. Nosso objetivo maior com a rede de saúde mental é conseguir acolher a maior quantidade de pacientes possível e conseguir dar qualidade de vida para eles. Que eles consigam identificar da melhor forma esses sintomas, ser acompanhados por uma equipe multidisciplinar porque muitas das vezes, a medicação é a menor parte da terapêutica. Às vezes o quadro de depressão, por exemplo, está associado ao ambiente, ao contexto familiar”, disse.
A especialista em clínica generalista enumera alguns sintomas de depressão e ansiedade aos quais a população deve ficar atenta. “Os sintomas variam de intensidade, mas o desânimo em levantar da cama para ir trabalhar, medo de socializar, de estar com outras pessoas, medo de ser julgado ou então o sentimento de ansiedade pelo que as pessoas vão achar de mim, qual a imagem que vou passar, exacerbação do choro, tremor. No geral, tudo aquilo que está interferindo no seu dia a dia, no convívio social, no lazer é hora de procurar ajuda”, disse.