O país vem registrando aumento expressivo nos casos de dengue e a prevenção é fundamental, evitando acúmulo de água parada e tomando medidas para proteção individual contra a picada do mosquito aedes aegypti, transmissor, também, da zika e chikungunya. O subsecretário de Vigilância em Saúde, infectologista Charbell Kury, e a pediatra Beatriz Rufino, destacam que o uso do repelente é um cuidado individual importante, principalmente em crianças e idosos.
Além disso, Charbell reforça que é fundamental tomar cuidados coletivos em casa, principalmente antes de viajar, como eliminar possíveis criadouros do mosquito, retirar água parada em vasinhos de plantas, telar caixas de água, cobrir os ralos da residência e evitar acúmulo de lixo e entulhos em quintais e terrenos baldios.
“Durante o período de Carnaval, muitas pessoas tendem a passar mais tempo fora de casa e frequentar locais com potencial para proliferação do mosquito. Com o aumento das chuvas e da exposição ao sol, temos um ambiente propício para a disseminação da dengue. Por isso, a conscientização sobre os cuidados individuais, como uso de repelentes, e coletivos é essencial para prevenir a propagação da doença”, enfatizou.
Kury explica que as características ideais de um repelente são: repelir muitas espécies simultaneamente, ser eficaz por pelo menos oito horas, ser atóxico, ter pouco cheiro, ser resistente à abrasão e à água, além de cosmeticamente agradável. Ele informou, também, que a ação do produto é embasada pela pressão de vapor, ou seja, pela volatilidade da substância. Os repelentes com maior pressão de vapor oferecem maior proteção com baixa concentração, porém, uma menor taxa de evaporação com menor volatilidade, significando que continuará repelindo por um tempo mais prolongado.
O infectologista pontua que as quatro principais substâncias nos repelentes: DEET, icaridina ou picaridina, IR3535 e óleo de citronela. “Os repelentes a base de DEET são usados a partir de 2 anos e duram em média entre 4 e 6 horas. A icaridina já tem formulação a partir de 2 meses e dura até 13 horas. Já o IR 3535 é a partir de 6 meses e dura uma média de até 9 horas, mesmo período de tempo de durabilidade da citronela”, disse Charbell, reforçando que, além do uso de repelentes, outras medidas de proteção são essenciais para evitar contato com o mosquito, como: utilizar roupas com mangas longas, meias e roupas impregnadas com permetrina, ou aplicar permetrina nas roupas.
REPELENTES EM CRIANÇAS – A pediatra Beatriz Rufino destaca a importância de usar repelente em crianças, mencionando que existem opções no mercado para bebês a partir de 2 meses de idade. Para recém-nascidos, devido à sensibilidade da pele, recomenda-se o uso de barreiras físicas como telas e mosquiteiros, para evitar o contato com mosquitos. Ela também menciona a importância da reaplicação dos repelentes e cita que os produtos caseiros, feitos com extratos naturais, não têm eficácia comprovada e não são recomendados para crianças.
“Observamos um aumento considerável de casos suspeitos de dengue na pediatria. Dessa forma, o uso de repelente nas crianças é muito importante e sempre reaplicar, quando necessário, seguindo as orientações da embalagem do produto. O ideal é que se use repelentes que são vendidos nas farmácias e, no caso de bebês menores de dois meses, usar tela mosquiteira nos berços e carrinhos, além de roupas que cubram a pele, de preferência, utilizando materiais leves, por conta do calor”, realçou a especialista.