Duas professoras da Rede Municipal de ensino tiveram trabalhos publicados em universidades de São Paulo, neste mês, graças também ao apoio do material pedagógico e tecnológico adquirido pela Secretaria Municipal de Educação, Ciência e Tecnologia no ano passado, como tablets e robótica. Luciana Maraia teve um trabalho publicado nos Anais do VI Seminário de Boas Práticas de Ensino e Aprendizagem (SBPEA) da Escola de Engenharia de Lorena da Universidade de São Paulo (EEL-USP).
Assim como Luciana, a coordenadora do Projeto de Computação, Natália Sobrinho, também tem o que comemorar. O trabalho dela, “Experiência do ensino de robótica na rede municipal de Campos dos Goytacazes/RJ”, foi publicado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), no Congresso Internacional Movimentos Docentes.
Há 21 anos atuando no município, Luciana contou que o trabalho “Experiências com Tablets em Contexto Alfabetizador: Um Estudo de Caso em Escola da Rede Pública Municipal de Campos dos Goytacazes" é desenvolvido desde julho do ano passado na Escola Municipal Dr. Francisco Manoel Pereira Crespo, situada no Parque Santos Dumont, em Guarus, para as crianças do 2º Ano do Ensino Fundamental. De acordo com Luciana, o objetivo é reduzir a defasagem do ensino-aprendizagem causada pela pandemia.
“O segundo ano é a etapa de consolidação da alfabetização. A escola recebeu os tablets e os alunos precisavam dispor de todo o recurso que a escola estava oferecendo. Então, busquei inspiração em tudo que aprendi no Mestrado em Ensino e suas Tecnologias que cursei no Instituto Federal Fluminense (IFF) e procurei criar estratégias com uso dos tablets, com atividades ao ar livre, onde tive todo apoio da gestão da escola e colegas professores parceiros”, contou a professora.
Luciana explicou que utilizou aplicativos gratuitos e educacionais que incluíam caça-palavras, atividades com leitura dinâmica a partir das Inteligências Artificiais (IA), uso de jogos e criação de jogos pelos alunos a partir de desenhos. Assim, semanalmente, foi observando o quanto essa dinâmica contribuía para avançar os níveis de escrita dos alunos.
“Percebi o quanto essas atividades eram significativas aos alunos no processo de alfabetização, auxiliando-os a avançar nos níveis de escrita. Assim, como em anos anteriores, submeti esse trabalho em forma de artigo científico em um evento da USP. O trabalho foi avaliado por professores e pareceristas que o aprovaram para apresentação e publicação nos Anais do evento. É importante a socialização das ações que realizamos, principalmente na Educação Básica e especialmente nos anos iniciais, para que possamos contribuir com outras pesquisas e avançar na construção de práticas mais inovadoras e que, de fato, alcancem os estudantes”, relatou a professora.
Gestora da E.M Francisco Manoel Pereira Crespo, Adriana Cassiano Barreto disse que a publicação é o reconhecimento do trabalho realizado na Rede Municipal.
“Geralmente, os nomes que a gente costuma ver nessas publicações são de educadores dos grandes centros e termos agora uma professora de uma cidade do interior do estado do Rio é sinônimo de reconhecimento e valorização. E em uma instituição como a USP é de suma importância. De uma grandiosidade e mostrando o quão valioso é tudo que ela vem trazendo para o município e o trabalho que ela faz com as crianças na escola”, disse a gestora.
SUCESSO
Natália Sobrinho contou que o resultado do trabalho dela foi apresentado durante o Congresso Internacional Movimentos Docentes, que ocorreu de 15 a 20 de outubro de 2023, que tem como uma das instituições envolvidas em sua realização a Unifesp, porém, a publicação aconteceu nesta semana.
O trabalho com o clube de robótica foi desenvolvido ao longo do ano de 2023 na E. M. Manoel Ribeiro do Nascimento, na Tapera, com a utilização de materiais alternativos como sucatas eletrônicas, bem como com o uso do kit de robótica da Brink Mobil adquirido pela Seduct.
O resumo faz um recorte de um projeto desenvolvido com o clube de robótica e alguns resultados observados. Natalia pontua que o ensino da robótica tem contribuído de forma significativa no aprendizado dos alunos.
“Auxilia no desenvolvimento do raciocínio lógico, criatividade, pensamento inovador, trabalho em equipe, entre outros. E ter um clube de robótica formado exclusivamente por meninas também me fez refletir muito sobre as mudanças do cenário do mercado, onde as mulheres estão ocupando espaços que antes eram muito mais masculinos. Tenho alunas no clube que se descobriram em habilidades voltadas para a área das engenharias, exatas. Outras com dificuldades no letramento e alfabetização, mas que se destacaram muito em nossos encontros, e particularmente percebi que o pertencimento e destaque nesse espaço (clube de robótica) contribuiu para que elas acreditassem em seus potenciais, e assim vencerem suas dificuldades”, comentou Natália.
TECNOLOGIA
Ao todo, já foram distribuídos 6.025 tablets nas unidades escolares do município, do total dos 8 mil adquiridos. A subsecretária de Ciência e Tecnologia, Suzana da Hora, disse que mais uma vez pode-se registrar o nível de competência e dedicação dos profissionais da Educação.
“Essas publicações demonstram que o caminho escolhido pelo prefeito Wladimir Garotinho e pelo professor Marcelo Feres, de trazer Ciência e Tecnologia para a Educação, foi uma decisão acertada. Com esses trabalhos, nossas professoras colocam a Educação da nossa cidade em evidência nacional, publicando nas maiores universidades do país o resultado de seus trabalhos junto aos alunos na nossa Rede Municipal com os recursos de tablet e robótica que disponibilizamos! Parabéns às professoras Natália e Luciana, por suas publicações, o que, sabemos, não é tarefa simples. Essas conquistas são um estímulo para que continuemos trilhando por esse caminho, pois, com certeza, estamos iluminando vidas!”, explicou Suzana.
INFLUÊNCIA POSITIVA
Para a diretora pedagógica Tânia Alberto, a publicação de um trabalho é o reconhecimento pela academia de uma ação realizada pelos professores e que, ao mesmo tempo, são pesquisadores da sua prática. Ela ressalta ainda que quando um professor pesquisa a sua própria prática, reflete e escreve sobre ela, ele melhora o seu trabalho e, consequentemente, o aluno é beneficiado porque melhora o trabalho feito com os estudantes.
"A outra questão é que, dependendo do tipo de ação que é promovida, como é esse caso com o relato de experiência, utilizando uma tecnologia, ele traz um componente diferencial que não é só uma produção de trabalho de alfabetização feita da forma tradicional. Ele usa um elemento novo, que nesse caso são os tablets, para criar novas oportunidades de aprendizado para as crianças que estão em fase de alfabetização, porque se trata de turma de segundo ano. Então, isso faz muita diferença, não só para a prática do próprio professor, quanto para o benefício que o aluno tem na aprendizagem, mas a experiência realizada faz com que esse professor também tenha melhor subsídio para fazer isso em outras turmas e também servir de influência para outros colegas que, mesmo não tendo a mesma experiência, podem se espelhar”, finalizou.