A primeira cirurgia de captação de órgãos no novo Hospital Geral de Guarus (HGG) em 2024 aconteceu nesta terça-feira (26). Com os investimentos e obras de infraestrutura realizados na unidade, o HGG volta a realizar os procedimentos depois de aproximadamente 17 anos. Cirurgiões do Programa Estadual de Transplantes (PET), da Rede D’or e uma equipe da Organização de Procura de Órgãos (OPO) do Norte/Noroeste Fluminense chegaram ao hospital para captação de fígado, dois rins e duas córneas. A paciente, uma mulher de 59 anos, com insuficiência cardíaca e morte cerebral, foi a doadora.
A cirurgia durou cerca de duas horas. “A doação de órgãos, desde a captação até o transplante, é um programa de altíssimo nível de humanidade. Uma paciente partiu e deixou os órgãos para salvar outras vidas, o que muito orgulha o HGG de ter participado disto. Recebemos esta equipe do Rio para este trabalho extremamente valioso e bonito, movido a emoções porque há pacientes em todo o estado aguardando esses órgãos para continuarem suas vidas”, explicou Vitor Mussi, superintendente do HGG.
Para a diretora Clínica Luisa Barreto, a nova estrutura do HGG proporcionou conforto e dignidade às equipes.
“A reforma do HGG veio abrilhantar esta nova fase, dando aos profissionais um local digno para viverem este momento muito importante para todos os envolvidos”, comemora.
Os cirurgiões Lucas Graça Aranha, Michele Siqueira e Vitor Vieira compõem a equipe que veio do Rio de Janeiro. “Tudo aconteceu dentro do tempo previsto. O fígado e um dos rins serão transplantados em um paciente do Hospital Quinta D’or. O outro rim vai para um paciente do Hospital São Francisco, no Rio de Janeiro”, disse Vitor.
A equipe trouxe para a cirurgia soro congelado, solução especial rica em eletrólitos e derivados de glicose para manutenção dos órgãos durante o transplante, além de instrumentais cirúrgicos específicos. “A partir da captação, os órgãos têm entre 10 e 12 horas para serem transplantados", completou Vitor.
CÓRNEAS
A captação das córneas durou aproximadamente 20 minutos. O enfermeiro Ricardo Rosa de Souza veio da Organização de Procura de Órgãos (OPO) de Itaperuna e, após a retirada, as córneas foram encaminhadas para o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO), no Rio de Janeiro. “O INTO é responsável pela distribuição dos tecidos captados. Aqui, na região, fazemos uma média de cinco a 10 captações deste tipo”, disse Ricardo.
A enfermeira do HGG, Gabrielle Manso, explicou que esta foi a primeira captação de órgãos na unidade desde 2007.
Foto: Girlane Rodrigues / Divulgação
“O diagnóstico médico da morte encefálica da paciente aconteceu sexta-feira (22). Existe todo um protocolo a ser cumprido desde a suspeita da morte encefálica até o diagnóstico, passando por exames, como eletroencefalograma e outros, tudo com base na nova legislação de transplante de órgãos. Neste intervalo de tempo abordamos a família de forma sensível para explicar a possibilidade de doação de órgãos, que é um ato de amor em um momento de dor e sofrimento da família que perdeu seu ente querido. É uma doação também dos profissionais de saúde para todo este procedimento sensível que requer logística e integração", explicou a enfermeira.
Além de atuar no HGG, Gabrielle coordena o Serviço de Transplante de Coração e Pulmão do Instituto Nacional de Cardiologia (INC), do Ministério da Saúde. "Lá eu trabalho com os receptores desses órgãos, acompanho a luta deles na fila de transplante e hoje eu tive a oportunidade de trabalhar ao lado do doador e isso me deixa muito feliz. Viver este outro lado é muito importante", finalizou.
O secretário de Saúde, Paulo Hirano, destacou a reinserção do HGG como um polo de captação de órgãos na região. "Após avanços na Saúde, de podermos reinaugurar o HGG, principalmente na área do Pronto-Socorro, e de saber que estaremos entregando a unidade por completo nos próximos meses, comemoramos este feito registrado hoje, que foi a captação de órgãos, algo que há muitos anos não era procedido no hospital, apesar de a gente continuar captando órgãos no polo maior, que é o Hospital Ferreira Machado, onde temos morte cerebral, pós-trauma, que são segmentos que permitem a captação. Reforço, aqui, a importância que tem de as famílias compreenderem que a doação de órgãos é muito importante para salvar muitas vidas por causa dos múltiplos órgãos que são doados. Fico muito feliz do quanto o HGG vem avançando, a ponto de novamente ser inserido como um polo captador de órgãos", pontuou o secretário.